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Luiza Trajano fala em evento sobre inclusão de negros no mercado

Conversa online nesta quarta, 20, faz parte de projeto de inclusão do Ministério Público do Trabalho; Trajano falará sobre o trainee exclusivo para pessoas negras do Magalu

Por Anna Barbosa
Atualização:

Com o objetivo de criar um diálogo com as empresas e sensibilizar os gestores sobre equidade racial no mercado de trabalho, o Ministério Público do Trabalho (MPT) criou o Projeto de Inclusão de Jovens Negros e Negras no Mercado de Trabalho, que atua em quase todas as 24 regionais do MPT no País, menos em Santa Catarina. A iniciativa possui diferentes frentes de atuação, que vão desde audiências para discussões sobre as desigualdades entre negros e brancos dentro do corporativo até capacitação dos profissionais em áreas como Publicidade e Direito.

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Nesta quarta-feira, 20, às 16 horas, o MPT de Campinas, por meio da Coordenadoria Regional da Promoção da Igualdade e Combate à Discriminação da 15ª Região, e o Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa e Extensão se reunirão em uma roda de conversa virtual com a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, para debater a importância da inclusão de jovens negros e negras no mercado de trabalho. O evento será transmitido ao vivo pela página do MPT Campinas no Youtube (clique para acompanhar).

O Magalu foi uma das empresas pioneiras a realizar um processo seletivo de trainee voltado exclusivamente para pessoas negras, em 2020, e por isso Trajano falará sobre os impactos sociais decorrentes da contratação desses jovens e como essa medida pode beneficiar diretamente as empresas na implementação de políticas de diversidade e inclusão. Neste ano, as inscrições para o trainee de profissionais negros do Magalu foram prorrogadas até 24 de outubro (confira aqui).

“Com base no diálogo, nós sensibilizamos as empresas para comprar a causa. Algumas compram tanto quanto o Magazine Luiza. Mas ela não é a única. Nós temos outras empresas fazendo muitas coisas bacanas. Por exemplo, no setor de publicidade, as maiores empresas do País firmaram o Pacto pela Inclusão de Jovens Negros e Negras. Ali, elas se comprometem a fazer um aumento de porcentual de profissionais negros”, diz Fernanda Barbosa Diniz, procuradora do trabalho e vice-gerente do projeto. 

Luiza Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza, falará no evento promovido pelo MPT/Campinas sobre o trainee para negros da empresa. Foto: Nilton Fukuda/Estadão-/21/5/2018

“Em São Paulo, onde o projeto começou, uma medição de 2020 constatou um aumento de 118% de pessoas negras (no setor de publicidade). O objetivo inicial era 30%, mas o resultado foi extremamente positivo. É claro que, quando falamos de São Paulo, falamos de empresas mais abertas e não sabemos se esse porcentual vai se expandir, por exemplo, no interior do Amazonas”, complementa ela. 

O pacto é só uma parte do projeto, que teve início em 2017, com a doutora Valdirene de Assis. Ela fez uma série de reuniões com os movimentos negros de todo o Brasil e identificou as necessidades pautadas, sendo uma das principais a inserção no mercado de trabalho. “Com a política de cotas, os jovens negros começaram a se inserir na faculdade, mas não conseguiam fazer a transposição para o mercado de trabalho. É o que nós chamamos de barreiras invisíveis”, pontua a vice-gerente do projeto.

Fernanda Diniz diz que o projeto foi embasado a partir de dados já conhecidos, como de Instituto Ethos, Instituto Locomotiva, Ipea e outros. “Percebemos que a área de publicidade e propaganda, por exemplo, tem um porcentual de negros em cargos de mando e gestão ínfimo. Na área de Direito, menos de 1% dos gestores das maiores bancas de advocacia do País eram negros. Então, o projeto trabalhou com três áreas: publicidade e propaganda, direito e uma terceira área que contempla empresas como um todo.”

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Segundo ela, uma pesquisa do Instituto Ethos mostra que só 5% dos gestores das 500 maiores empresas do Brasil são negros. "Se a gente for passar esse porcentual para mulheres negras, dá 0,38%. Quer dizer, se você é uma mulher negra, você pode ter toda uma qualificação, mas a possibilidade de alcançar um cargo de mando e gestão nas maiores empresas é ínfima. Isso é uma forma da gente quebrar a ideia de meritocracia. Não é que as pessoas não são capazes. Elas são capazes, têm a formação, mas não são aceitas”, completa a vice-gerente do projeto.

Ela explica que, além dos pactos voltados para o aumento de contratações, o projeto também possui outras duas frentes: o Conexão Negra, em que profissionais das empresas parceiras se voluntariam gravando aulas dos conteúdos selecionados, capacitando os jovens além da formação acadêmica e criando relações de networking; e o Afro Presença, o maior evento anual de inclusão negra no mercado de trabalho da América Latina.

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