A obra "O Avesso d Pele", do carioca Jeferson Tenório, retornou às prateleiras das bibliotecas de escolas do Paraná e de Goiás, após todos exemplares terem sido recolhidos em março. O livro foi alvo de censura depois que a diretora de uma escola do Rio Grande do Sul acusou o livro de usar "palavras de baixo calão" e trazer situações envolvendo atos sexuais.
A editora responsável pela publicação do livro, Companhia das Letras, comemorou a decisão das Secretarias Estaduais de Educação dos dois estados em um post no Instagram.
— É com muita satisfação que informamos o retorno de “O avesso da pele” às escolas do Paraná e de Goiás, após seu injustificado e ilegal recolhimento. Felizmente a decisão foi revista pelas Secretarias Estaduais de Educação e o livro volta a estar disponível para os alunos de Ensino Médio — disse a editora.
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) disse que o livro voltou às escolas após passar "por uma análise da equipe pedagógica da Seduc/GO".
"Após a análise do conteúdo, o livro foi destinado para as escolas que atendem estudantes do Ensino Médio e para os Centros de Educação de Jovens e Adultos, passando a compor o acervo das Bibliotecas das unidades escolares que atendem a estes públicos", afirmou a nota.
Contatada pelo GLOBO, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná afirma não se opor à obra literária. No entanto, ressalta que retirou-a em um momento oportuno para análise e orientações cabíveis quanto à linguagem no que tange ao emprego pedagógico.
Relembre o caso
A obra foi retirada das escolas de diversos estados após vídeo gravado pela diretora da Escola Ernesto Alves, Janaina Venzon. Segundo ela, o livro teria usado “palavras de baixo calão” e apresentaria situações envolvendo atos sexuais.
'O Avesso da Pele' faz parte do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), que avalia, seleciona e disponibiliza obras didáticas e literárias para escolas públicas das esferas federal, estadual e municipal. O livro foi selecionado para ser trabalhado no Ensino Médio e qualquer obra do programa teve de passar por avaliação de especialistas do PNLD e por educadores das próprias escolas.
Na época, Jeferson Tenório disse ao GLOBO que o despreparo do ambiente escolar para entender a linguagem literária e lidar com temas sensíveis em sala foi uma das razões para a censura. Além disso, ele também mencionou o pensamento conservador e a extrema direita como ponto crucial para o banimento.