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Por Jornal Nacional


Pandemia provocou um estrago na vida escolar de crianças e adolescentes

Pandemia provocou um estrago na vida escolar de crianças e adolescentes

Números da organização Todos Pela Educação comprovaram as consequências devastadoras da pandemia para a vida escolar das crianças e dos adolescentes.

O corre-corre no intervalo voltou. O bate papo no corredor. Mas tem gente faltando. Em uma escola na periferia de São Paulo, quase toda sala tem uma carteira vazia. Um enorme prejuízo para quem parou de estudar.

“São alunos que este ano não estiveram nem um dia na escola, a família não veio buscar o tablet... A gente não conseguiu nem um sinal de fumaça com essa família”, explica Adriana Rodrigues, diretora de escola.

A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo começou, em setembro, um programa de busca ativa. Mães de estudantes foram contratadas para visitar as famílias dos alunos que abandonaram as aulas. É um trabalho complicado. A agente Laiz Oliveira já visitou 65 casas.

“Costumam dizer que filho tem problema de saúde, não se sentem seguro em mandarem para escola. Em algumas residências, quando chego, encontro ali com adolescente, e a mãe ou pai fala: 'Aí é com ele, vê com ele, se quiser ir'. Ou seja: tira responsabilidade de si, como pai, como mãe e coloca na criança, no adolescente”, conta Laiz Oliveira.

Essa visita de porta em porta das mães já começou a dar resultado. Quando uma certa escola reabriu, 45 alunos não apareceram de volta. Depois do início da busca ativa, seis já estão nas salas de aula. Mas ainda faltam 39. Esse é um problema que se repete na cidade inteira. No país inteiro.

Um levantamento feito pela ONG Todos Pela Educação com dados do IBGE mostra que, no segundo trimestre deste ano, o número de alunos de 6 a 14 anos que estão fora da escola aumentou mais de 170% (171,1%) - passou de 90 mil para 244 mil.

“Elas já são as crianças mais pobres. E são justamente as crianças que mais precisam de escola pública para poder ter uma vida melhor no seu futuro”, diz Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.

O líder de políticas educacionais da organização, Gabriel Corrêa, diz que vai ser preciso um esforço nacional para trazer essas crianças de volta para a escola.

"O Ministério da Educação está completamente ausente desse debate e não apoia estados e municípios no sentido de identificar e buscar esses alunos que já evadiram. Cabe a cada Secretaria de Educação entender quais os problemas que eles têm e atacar esses problemas, que podem ser educacionais, de ajuste na aprendizagem, recomposição da aprendizagem, mas também problemas sociais”, afirma Gabriel Corrêa.

O Ministério da Educação não deu retorno ao contato do Jornal Nacional.

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