O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou, nesta quinta-feira, 18, sua saída do governo. Em vídeo publicado nas redes sociais ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Weintraub não revelou o motivo de estar deixando o MEC, mas disse que irá assumir uma representação brasileira na diretoria do Banco Mundial.
Bolsonaro vinha sendo pressionado a fazer um gesto de trégua a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem Weintraub chamou de “vagabundos” em reunião ministerial. A permanência no posto se tornou insustentável após o ministro se reunir, no domingo, 14, com manifestantes bolsonaristas e voltar a atacar ministros da CORTE. O grupo desrespeitou uma ordem do governo do Distrito Federal, que proibiu protestos na Esplanada dos Ministérios. Abaixo, confira análises de colunistas do Estadão sobre a saída de Weintraub do MEC.
O alívio dos educadores com a saída de Weintraub do MEC (Renata Cafardo)
"Weintraub ignorou secretários de educação pelo País e fez com que trabalhassem sozinhos para tentar melhorar o ensino na escola pública. Deixou até de repassar recursos para programas que já existiam e só precisavam não ser atrapalhados, como os de ensino integral, construção de creches e alfabetização. O ex-ministro nunca sequer mencionou a Base Nacional Comum Curricular, documento inédito aprovado em 2017, que finalmente ajuda as escolas a entender o que elas tem que ensinar."
Weintraub se tornou integrante do grupo ‘biológico’, o dos filhos de Bolsonaro (Rosângela Bittar)
"Pode-se dizer que o ministro caiu de sua própria estatura. Não se elevou à grandeza dos desafios da Educação. A reforma do ensino médio, aguardada por vinte anos e aprovada no governo Temer, ficou no papel. Os gargalos do Enem não foram rompidos. A qualidade do ensino básico deu marcha à ré. O processo de valorização do magistério fez uma curva de 360 graus. A universidade foi oprimida, criticada e financeiramente asfixiada. A autonomia, ameaçada."
Ideologia da destruição (João Marcelo Borges)
"Weintraub também tentou destruir muito: as universidades, a independência dos entes federativos, a confiança na relevância e no poder transformador da educação. Conseguiu menos do que queria, pois encontrou educadores, instituições e a própria lei a limitar suas diatribes. Foi incompetente para criar e para destruir. A destruição é sua ideologia, mas a incompetência é sua maior marca."