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Brasil

Laptops nas escolas não fazem diferença no desempenho dos alunos, mas internet de qualidade, sim, diz OCDE

Estudo analisa práticas usadas nos sistemas educacionais de 79 países e economias com base nos resultados do Pisa 2018
Uso de computador em sala de aula não é imprescindível, diz estudo Foto: ANDREI PUNGOVSCHI/AFP / ANDREI PUNGOVSCHI/AFP
Uso de computador em sala de aula não é imprescindível, diz estudo Foto: ANDREI PUNGOVSCHI/AFP / ANDREI PUNGOVSCHI/AFP

RIO - Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma que os resultados do Pisa 2018 mostram que escolas equipadas com laptops não fazem diferença significativa no desempenho de leitura dos estudantes. No entanto, ter acesso a internet de alta velocidade, sim.

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O estudo “Políticas Eficazes, Escolas de Sucesso” analisa práticas usadas nos sistemas educacionais de 79 países e economias com base nos dados do Pisa 2018.

“A conectividade com a Internet foi fortemente associada ao desempenho médio de leitura no nível do sistema. Essa relação positiva foi observada mesmo depois de contabilizar o PIB per capita em todos os países e economias participantes. As diferenças na conectividade com a internet foram responsáveis por até 57% das diferenças no desempenho médio de leitura”, afirma o texto.

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De acordo com a OCDE, em 55 dos 79 países e economias participantes do Pisa 2018, nove entre dez computadores disponíveis para crianças de 15 anos para fins educacionais na escola estavam conectados à internet.

Uso dos computadores

Por outro lado, segundo o documento, alunos que frequentam escolas com mais computadores por aluno tiveram 12 pontos menos na avaliação do PISA do que seus pares em colégios que possuem um menor número desses equipamentos por estudante.

“Embora possa haver muitos motivos pelos quais houve essa associação, a descoberta sugere que é preciso mais do que fornecer tecnologia para obter melhores resultados de aprendizagem”, afirma o texto.

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A OCDE informa que houve um progresso notável em equipar as escolas com computadores, com um aumento generalizado do aluno-computador entre 2009 e 2018.

A média dos países que fazem parte do OCDE, em 2018, era de que quase um computador disponível na escola para fins educacionais para cada aluno de 15 anos (a proporção aluno-computador é igual a 0,8).

Na Áustria, Islândia, Luxemburgo, Macau (China), Nova Zelândia, no Reino Unido e nos Estados Unidos, a proporção de estudantes de informática era de 1,25 ou mais, enquanto na Albânia, Brasil, Grécia, Kosovo, Montenegro, Marrocos, Turquia e Vietnã, havia apenas um computador (ou menos) disponível para cada 4 alunos (proporção = 0,25).

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“Disponibilizar dispositivos digitais na escola não será útil, a menos que esses dispositivos sejam adequados para as tarefas de ensino e aprendizagem em questão”, aponta o relatório.

Educação remota

O relatório busca entender ainda se as escolas estão preparadas para ensinar e os alunos estão prontos para aprender de forma remota. O texto explica que os dados são de antes da pandemia, “no entanto, pode ser útil considerar as implicações do resultados à luz das incertezas e contrações econômicas que os governos em todo o mundo enfrentarão no imediato rescaldo da pandemia”.

Segundo o estudo, a capacidade de fornecer educação remota para todos os alunos depende crucialmente da disponibilidade de dispositivos digitais em casa: “Os dados mostram que a distribuição de computadores em casa é menos equitativa, por isso seria particularmente importante fornecer dispositivos digitais portáteis para alunos de escolas carentes”.

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“Para alguns alunos, mesmo o básico para o aprendizado não está disponível em casa”, diz o texto.

Em média, nos países da OCDE, 9% dos alunos de 15 anos não têm um lugar tranquilo para estudar em casa; na Indonésia, Filipinas e Tailândia, mais de 30% dos alunos não têm um local para estudar.

Mesmo na Coreia do Sul, que tem o melhor desempenho no Pisa 2018, um em cada cinco alunos das 25% das escolas mais desfavorecidas relatou que eles não têm um lugar para estudar em casa, enquanto um em cada 10 alunos em escolas privilegiadas relatou o mesmo. O relatório não apresenta os dados do Brasil.