Por g1 Pará — Belém


Todos os estudantes suspeitos no caso. — Foto: Reprodução Redes sociais

A Justiça Federal determinou a suspensão imediata da matrícula de dois estudantes suspeitos de fraudar o Enem para ingressarem no curso de medicina, em Marabá, região sudeste do Pará.

A Universidade do Estado do Pará (Uepa) deve convocar, com urgência, outros dois candidatos legitimamente habilitados para o curso de medicina para ocuparem as duas vagas. A Uepa disse "que ainda não foi notificada oficialmente sobre a decisão".

Justiça determina suspensão de matrícula de estudantes suspeitos de fraudar o Enem no PA

Justiça determina suspensão de matrícula de estudantes suspeitos de fraudar o Enem no PA

Moises Oliveira Assuncao e Eliesio Bastos Ataide são investigados pela Polícia Federal pela possível prática dos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e de falsa identidade. O g1 tenta contato com os estudantes.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o estudante André Ataide teria feito a prova pelos candidatos, em 2022 e 2023. Perícias grafotécnicas concluíram que as assinaturas não são deles e que os cartões de resposta e as folhas de redação foram preenchidas pela mesma pessoa.

A Justiça Federal considerou que há elementos suficientes para concluir que os candidatos não realizaram as provas do Enem e, por não terem sido aprovados, não possuem direito à matrícula no curso de medicina na Uepa.

PF investiga estudantes que teriam fraudado o Enem no Pará. — Foto: Reprodução / PF-PA

A Uepa deve informar aos novos convocados que a decisão liminar pode ser revertida posteriormente, e os candidatos só poderão ser admitidos se aceitarem o risco. Caso não aceitem, devem ser convocados os próximos na ordem de classificação do exame.

Quem são os investigados:

Eliésio Ataide

Eliésio Ataíde. — Foto: Reprodução Redes sociais

O jovem Eliésio Ataide, de 25 anos, é da mesma família de André e foi o beneficiado com a aprovação em 2022, segundo a Polícia Federal.

Aprovado após o Enem, que teria sido realizado por André, ele cursa medicina na Uepa e está indo para o segundo ano de faculdade.

Nas redes sociais, o estudante afirma que já é formado em Engenharia de Produção pela mesma instituição.

Moisés Assunção

Moisés Assunção. — Foto: Redes sociais

Moisés Assunção, também de 25 anos, era estudante de Psicologia na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), teria feito inscrição para o Enem em 2023. Em todo Pará, foram 229.181 inscritos no Enem. Moisés escolheu medicina na Uepa após receber nota alta.

No entanto, segundo a Polícia Federal, ele trocou mensagens com a então namorada nas tardes de domingos em que deveria estar realizando a redação e respondendo as questões do Enem, nos dias 5 e 11 de novembro .

As investigações apontam que a prova dele teria sido feita por André Ataide, na cidade de Itupiranga, também no sudeste do Pará.

Moisés, inclusive, já está matriculado para o primeiro semestre de medicina na Uepa, onde aulas estão previstas para iniciar na primeira semana de março de 2024.

Segundo a Polícia Federal, além da Uepa, a Unifesspa, antiga universidade de Moisés, forneceram documentos para auxiliar nas investigações.

André Ataide

André Ataíde. — Foto: Rerpodução Redes sociais

O estudante André Ataide, de 23 anos, é o principal alvo da investigação. Ele foi quem teria realizado as provas no lugar dos outros dois suspeitos.

Segundo a Polícia Federal, ele teria realizado a prova para um parente, em 2022; e para um amigo de longa data, em 2023. André teria falsificado a assinatura ao assinar as provas do Enem.

O jovem é estudante de medicina da Universidade do Estado Pará (Uepa) no campus de Marabá, no sudeste do Pará, e está no quinto período do curso. Ele tem bom histórico escolar de notas.

Segundo o delegado da Polícia Federal Ezequias Martins, “há informações de que ele teria recebido algo em torno de R$ 150 mil" para a fraude. Além de ser investigado pela suspeita de realizar provas do Enem no lugar de outras duas pessoas em 2022 e 2023, a PF também apura se André poderia ter cometido a mesma fraude em outros vestibulares ou concursos.

"As investigações seguem em andamento. Há algumas informações, estamos aferindo ainda se há indícios, checando para ver se ele realmente realizou outras provas do Enem no lugar de outros candidatos, bem como outros concursos públicos", detalhou o delegado.

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