Justiça

Juiz rejeita denúncia de homofobia movida contra Milton Ribeiro

Ex-ministro da Educação havia sido acusado pelo Ministério Público Federal por declarações feitas em entrevista

Créditos: EBC
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O juiz da 15ª Vara Federal de Brasília, Francisco Codevila, rejeitou uma denúncia movida pelo Ministério Público Federal contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro sob acusação de homofobia por declarações dadas em uma entrevista.

Em sua decisão, Codevila escreveu que Milton Ribeiro “não agiu com a intenção de ofender qualquer grupo em relação a sua opção sexual” e disse que o ex–ministro “apenas externou sua opinião sem exageros ou menoscabo a qualquer grupo social”.

A denúncia havia sido movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em dezembro do ano passado, mas foi enviada à primeira instância depois que Milton perdeu o foro privilegiado por deixar o posto de ministro.

“Ao afirmar que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas, o denunciado discrimina jovens por sua orientação sexual e preconceituosamente desqualifica as famílias em que criados, afirmando serem desajustadas, isto é, fora do campo do justo curso da ordem social”, diz a denúncia apresentada ao STF.

Na denúncia, assinada pelo então vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros, a PGR afirma que ao enunciar que “a questão de gênero’ “não é normal’ e mencionar que “o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo”, o ministro da Educação “induz o preconceito contra homossexuais colocando-os no campo da anormalidade”.

“Ao desqualificar grupo humano – publicamente e por meio de comunicação social publicada – depreciando-o com relação a outros grupos em razão de orientação sexual, o denunciado adota um discrímen vedado e avilta integrantes desse grupo e seus familiares, emitindo um desvalor infundado quanto a pessoas, induzindo outros grupos sociais a ter por legítimo o discrímen, por sustentável o prejuízo sem lastro, por reforçado o estigma social, por aceitável a menos~valia de pessoas e por explicável a adoção e manutenção de comportamentos de rejeição e mesmo hostilidade violenta a esse grupo humano vulnerável”, afirma a PGR.

Em um dos trechos da entrevista citados pela PGR, Ribeiro, que é pastor da igreja Presbiteriana, declarou: “Quando o menino tiver 17, 18 anos, ele vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão do gênero. A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, não concordo”.

Em outro trecho, o ministro da Educação sugere que o adolescente “muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem e caminhar por aí”.

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