LONDRES - O plebiscito que aprovou a saída britânica da União Europeia no ano passado mostrou um abismo entre gerações. Os mais velhos votaram em massa (90% das pessoas com mais de 65 anos compareceram às urnas) e foram os principais responsáveis pela vitória do Brexit. Entre os mais jovens, no entanto, a maioria optou pela permanência na UE, mas a participação ficou em torno de 64%. A campanha deste ano mostrou uma mudança de atitude, indicando uma maior determinação entre os jovens de participar do debate político. Um número recorde de eleitores abaixo dos 35 anos se registrou para votar nos 30 dias anteriores ao prazo máximo: 1,7 milhão, contra 1,3 milhão das últimas eleições gerais, em 2015.
O Reino Unido registra há décadas uma alta abstenção entre os mais moços, e não há garantias de que essa tendência será revertida na quinta-feira. Mas, para Rachael Farington, fundadora do grupo independente Voting Counts, que faz campanha para aumentar o engajamento da juventude britânica, os últimos acontecimentos mundiais foram um divisor de águas.
— Muitos jovens viram o impacto do voto através de eleições como a do Brexit, a vitória de Trump e a de Macron. Agora querem influenciar o resultado desta eleição e também uma chance de dar forma ao Brexit, concordando ou não com a saída da UE — disse Rachael.
Uma grande participação jovem poderia favorecer a esquerda. Segundo as pesquisas mais recentes, a faixa entre 18 e 34 anos tende a votar no partido de Jeremy Corbyn. Nas eleições parlamentares de 2015, 43% dos eleitores entre 18 e 25 anos deram seu voto para os trabalhistas, enquanto 27% preferiram conservadores.