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Escola Militar: por que não?

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Por José Renato Nalini
Atualização:
José Renato Nalini. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Estadão

O Brasil das polêmicas discute a implementação de escolas militares no âmbito de cada município. É saudável o debate que analise prós e contras da iniciativa. Pessoalmente, creio que a ideia é saudável.

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Não detenho o monopólio da verdade, mas permaneci por meio século no Poder Público. Entre Prefeitura de Jundiaí, Ministério Público e Poder Judiciário paulista, além do exercício da Secretaria de Estado da Educação em período de reconhecida turbulência, vivenciei consistente experiência com a Polícia Militar bandeirante.

Posso testemunhar que a eficiência dessa instituição é motivo de justificado orgulho para a gente paulista. Existe algo que funciona com exação no território deste Estado, mostra que é possível obter eficiência no Poder Público, confiar numa prestação sensível, que é a pertinente à segurança pública.

A razão desse veredito é a excelência do ensino mantido pela Polícia Militar. As várias escolas se destacam pela consistência da educação propiciada principalmente à juventude recrutada para servir à população. Isso, mediante compromisso de oferecer a própria vida se for necessário. Não conheço outra profissão que requeira tal sacrifício de seu integrante.

As Escolas Militares destacam-se por um conceito sólido de disciplina, hierarquia e cultivo de valores imprescindíveis à edificação de uma sociedade alicerçada sobre os ideais da solidariedade, da cooperação, da harmonia e do respeito à dignidade humana.

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A estrutura educacional da PMSP é constantemente atualizada e o intercâmbio com outras unidades de ensino de todo o planeta permitem assimilar as melhores práticas. O oficialato passa por uma pós-graduação em sentido estrito que nada fica a dever, ou muita vez até supera, àquela mantida por Universidades públicas respeitadas mundo afora. A Academia do Barro Branco ostenta todos os atributos desejáveis a um centro de primazia no cultivo de uma educação integral e consequente.

O exemplo da educação militar encontra reflexo nas Forças Armadas,

cuja preparação esmerada é o motivo da convocação de militares brasileiros para as recorrentes Forças de Paz que atuam em zonas de conflito. Ouvi de um homem público insuspeito, o então Ministro da Defesa Aldo Rebelo, que a solicitação de nossos profissionais não advinha de qualquer outro critério, senão a superioridade do nosso ensino e da competência dos integrantes do Exército.

Não faria mal à juventude pátria ingressar num estabelecimento que prima pela ordem, pelo respeito e pela superlativa observância de virtudes condenadas ao oblívio em outros espaços.

Escolas militares não são vandalizadas, suas estruturas são preservadas pelos alunos, que têm consciência de que para construí-las e mantê-las, os recursos vêm de toda a população. Seus professores recebem o devido respeito e consideração, o que nem sempre acontece em todas as demais escolas.

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No mais, não acredito que a padronização do ensino seja a melhor opção para um País como o nosso. Imenso território, exuberante diversidade, heterogeneidades regionais, múltiplas exteriorizações de cultura e copiosa vitalidade étnica.

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O pluralismo é um valor inserto no pacto fundante e precisa ser levado a sério em todos os setores, mormente na educação.

O advento da Quarta Revolução Industrial impõe a urgência de criar gerações aptas a superar os desafios do inesperado. Inesperado resultante da multifária combinação entre as tecnologias que são capazes de criar estratégias híbridas e com funcionalidades até há pouco inimagináveis. Nesse processo, a potencialidade das alterações é capaz de demolir estruturas mentais e as substituir por conformações transitórias, numa surpreendente mutação da realidade e do convívio.

O mundo das surpresas precisa de múltiplas portas educacionais. Escolas confessionais, escolas com as mais diversas fórmulas pedagógicas, escolas experimentais. O ser humano é irrepetível, insuscetível de padronização. Sufoca a criatividade, tão necessária em nossos dias, enquadrar todas as unidades educacionais no modelo único, centralizado e gerado por uma autoridade nem sempre conhecedora do "chão da escola".

Quem já pode sorver do peregrinismo das Escolas Militares existentes, não terá dúvida em sustentar a validade da extensão dessa prática para os municípios que se dispuserem a desenvolver estratégia baseada em experimento realmente exitoso.

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O ser humano é destinado a uma infinita gama de opções profissionais e a segurança vital é algo a cada dia mais necessário no planeta que depende da harmonia para garantir um convívio idealmente fraterno.

*José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e presidente da Academia Paulista de Letras - 2021-2022

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