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Jornada de trabalho menor pode auxiliar jovens "nem-nem", aponta pesquisa

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/05/2021 16h48

A pandemia fez crescer o índice de jovens de 15 a 29 anos que não trabalham e não estudam, chamados de "nem-nem". A taxa alcançou a marca de 29,33% no segundo trimestre de 2020, o que nunca antes tinha sido atingida. Após o pico, houve uma redução e o índice ficou no patamar de 25,52%, registrado no último trimestre do ano passado.

Pesquisa da FGV Social indica que o aumento dos "nem-nem" foi impulsionado principalmente pela elevação do desemprego nesta faixa etária durante a pandemia: de 49,37% passou para 56,34%. Para reverter os altos índices, a recomendação do pesquisador Marcelo Neri é incentivar uma jornada de trabalho menor para esse público, o que pode melhorar a qualidade do ensino e gerar mais empregos para um número maior de pessoas.

"É preciso incorporar os tons de cinza no diagnóstico e nas políticas propostas. As extensões das jornadas de trabalho e escolares determinam a performance nessas duas frentes. Há que se buscar a conciliação entre estudo e trabalho graduando parâmetros de forma a atender os objetivos de política finais, de aprendizado e geração de postos de trabalho", observa Neri.

Evasão escolar não influenciou crescimento dos "nem-nem"

O cenário do crescimento dos "nem-nem" não teria ligação com a evasão escolar, que registrou queda, ainda segundo a pesquisa. No último trimestre de 2020, a taxa ficou em 57,95% - menor em relação ao mesmo período de 2019, de 62,2%.

"A combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar (presença e aprovação automáticas) pode explicar a menor evasão. De qualquer forma, há que tirar partido da oportunidade e, por exemplo, promover inclusão digital e novos conteúdos educacionais", entende Neri.

Perfil de jovens "nem-nem"

No último trimestre do ano passado, os maiores percentuais ficaram entre mulheres (31,29%), pretos (29,09%), moradores do Nordeste (32%), população de periferia das maiores metrópoles brasileiras (27,41%), chefes de família (27,39%) e pessoas sem instrução (66,81%).

Para Neri, a maior incidência de "nem-nem" na população de menor instrução e provedores de família apresenta "implicações para o futuro desses jovens e famílias inteiras".