Investir em tecnologia requer um conhecimento profundo sobre a escola - PORVIR
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Inovações em Educação

Investir em tecnologia requer um conhecimento profundo sobre a escola

Entender quais são os objetivos do projeto de tecnologia na escola pode ter impactos positivos quando o assunto é investimento

Parceria com Sejunta

por Ruam Oliveira ilustração relógio 13 de agosto de 2021

Quando a liderança decide adquirir dispositivos para tirar do papel o projeto de tecnologia de sua escola, precisa estar atenta a um fator que tem peso central na estratégia: os custos. Essa implementação pode significar um aumento exponencial de investimentos – que recaem desde a compra de equipamentos até a adequação estrutural para recebê-los e tornar o projeto operante.

Para maior fluidez e menor risco de perdas, o mais importante quando se decide pôr em prática um projeto de tecnologia é compreender profundamente a instituição. Saber quais são as características que norteiam a escola é parte central no momento de conceber estratégias de implementação de tecnologia.

Esse conhecimento pode impactar diretamente no valor investido. Um bom investimento traz consigo retornos positivos, sejam financeiros, sejam do ponto de vista educacional, e está de certa forma atrelado à visão da liderança.

Para definir o que seria a visão única de uma escola, vale a pena pensar em respostas a perguntas como “Quais são suas prioridades para a aprendizagem, o ensino e o ambiente escolar?”, “Sua visão é manifestada de forma que todos em sua comunidade consigam entendê-la ou apoiá-la?” ou ainda “Que tecnologia possibilita ou expande sua visão?”

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Casos práticos
Helbert Costa, coordenador pedagógico e tecnologia educacional do Colégio E. Pery & Tia Min, que fica em São Paulo (SP), comenta que esse conhecimento sobre a própria instituição é o que possibilita que o gestor olhe para onde deseja chegar e invista com maior critério e especificidade.

“Existem instituições que vão pensar uma tecnologia somente no uso de comunicação de dispositivo, então, isso atende aquele público e está tudo bem e para as famílias está muito bem quando você apenas aplica comunicação ou no compartilhamento de arquivos. Porém, existem outros locais onde não vai estar tudo bem. Eu quero compartilhamento, mas eu quero uma coisa a mais, cada instituição vai ter o seu caminho”, aponta.

O guia “Projetando o futuro das escolas“, feito pela Apple, apresenta uma série de elementos que indicam ao gestor as muitas formas de pensar e estruturar o projeto de tecnologia. Entre eles, há um tópico apontando sobre a importância de ter uma visão geral, ou seja, que enxergue a equipe, que possa desenvolver capacidades, engajar a comunidade e também gerenciar a tecnologia.

Este gerenciamento passa por um fator importante que é o uso consciente e intencional das ferramentas que a escola tem à disposição. A escola investir na compra de dispositivos móveis pode ser positivo quando se conhece todo o potencial da ferramenta e se pretende utilizá-la. Do contrário, esse desconhecimento de objetivos e funcionalidades pode significar um investimento não inteiramente benéfico.

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O coordenador de Inovação do Colégio Poliedro de São José dos Campos (SP), Massayuki Yamamoto, conta que antes de decidir instalar definitivamente um ecossistema Apple na unidade onde trabalha, passou bastante tempo pesquisando e experimentando qual seria a melhor opção para as aulas.

Desde 2012, a instituição já vem dando alguns passos na busca de implementar um projeto sólido de tecnologia. Até 2017, as aulas funcionavam apenas 50% com o apoio da tecnologia: os professores trabalhavam usando tablets, mas os estudantes ainda usavam papel e caneta para acompanhar os exercícios. Entre os objetivos da escola estava também a eliminação do uso de papel e, por isso, quando encontrou a solução de implementar iPad para cada aluno no ensino fundamental, Massayuki decidiu que valia a pena o investimento.

O gestor reforça que inicialmente o custo de aquisição dos produtos trouxe uma desconfiança, principalmente para a equipe mantenedora, mas que o projeto tem demonstrado seu valor ao longo dos anos. Hoje a escola entende que o investimento financeiro em si acaba não sendo o fator mais importante dentro do projeto, mas apenas um dos fatores a serem observados.

Aproximação com a comunidade escolar
Ter o apoio da comunidade escolar também impulsionou a instituição a seguir com o plano. Atualmente, a compra dos dispositivos que serão usados pelos alunos está a cargo da família, mas para o projeto inicial a escola comprou 80 iPads para os testes e hoje também auxilia os familiares nessa compra, se assim eles desejarem.

Helbert reforça que esse diálogo com as famílias e a comunidade em si também faz parte do momento de estruturação de um projeto de tecnologia. Conversar com as famílias, observar o que os professores e professoras pensam sobre o uso de determinado equipamento ou recurso digital são estratégias que devem estar na linha do horizonte do gestor.

O coordenador pedagógico do colégio E. Pery afirma que também é parte do papel de liderança se manter com uma mente aberta e criativa para as múltiplas possibilidades de uso e aperfeiçoamento das práticas que são usadas na escola quando se pensa em tecnologia. Além de conversar com outras instituições, ele conta que está sempre observando modelos, formas diferentes de usar e de engajar a comunidade escolar, garantindo assim que o material que foi comprado será utilizado em sua máxima potência.

Massayuki afirma que havia uma preocupação de que ao solicitar iPad aos familiares, houvesse uma queda no número de matrículas e que alguns responsáveis pedissem a transferência de estudantes. Esse temor foi contornado com diálogo. A instituição apresentou às famílias as potencialidades do projeto que estavam desenhando, reforçando os ganhos pedagógicos que gostariam de obter e foi suficiente para convencê-las de que valia a pena investir.

criança escreve em um ipad usando apple pencilApple Newsroom

Troca de experiências
Outro elemento que pode ser usado a favor da liderança é o compartilhamento de informações com outras escolas. Se outra instituição está implementando tecnologia e tendo bons resultados, significa que qualquer gestor deva seguir o mesmo modelo? Helbert aponta que alguns caminhos adotados por outras escolas e que parecem ser difíceis para ele, na verdade, podem ser fáceis para a realidade daquela instituição e, portanto, estarão de acordo com os objetivos institucionais.

Objetivamente entender o contexto escolar faz diferença no momento de incluir tecnologia em sala de aula. E cada escola tem um contexto diferente, com demandas diferentes e objetivos diferentes. Guilherme Camargo, fundador da Sejunta Tecnologia, que é Apple Authorized Reseller, destaca que as escolas que já gastam com tecnologia precisam compreender com o quê estão investindo e tentar definir se esse investimento é eficiente ou não.

Guilherme destaca que o gestor precisa ter clareza de qual é a sua visão a longo prazo, compreendendo que no campo da educação as coisas têm um outro ritmo para acontecer.

O que não combina [com o projeto de tecnologia] são decisões que são tomadas muito rapidamente

“Não combina [tomar] decisão precipitada, no sentido de não ouvir aos pares, não ouvir outras instituições conforme for, não ouvir consultorias, por exemplo. Porque quando se toma uma decisão sozinho, corre-se o risco imenso de não ter todas as cartas na mesa. Ele [o gestor] não tem todas as informações.”

O fundador da Sejunta ressalta que é importante pesquisar, reunir informações e olhar para as opções disponíveis antes de ingressar na compra de equipamentos. Comprar tecnologias sem saber se elas serão usadas, por exemplo, é outro erro.

Em uma escala de zero a dez, ele colocaria no topo das prioridades esse autoconhecimento que a escola deve possuir antes de fazer quaisquer compras para seu projeto de tecnologia. Guilherme afirma, ainda, que já viu muitas escolas não obterem o devido sucesso em seus projetos por conta do uso da tecnologia sem um propósito.

Ao mesmo tempo em que o custo alto de investimento no início do projeto pode se mostrar benéfico a longo prazo, como tem acontecido com a escola de Massayuki, investir sem conhecer e definir critérios pode significar um mau negócio. O coordenador da Poliedro, por exemplo, se diz satisfeito com a aquisição dos dispositivos e uma mudança, agora, seria prejudicial para o projeto pedagógico desenhado pela escola. No entanto, reforça que se mantém atento para as novidades e melhorias que podem ser implementadas na escola onde atua.

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