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Economia

‘Internet é um direito fundamental’, diz diretora do Observatório de Favelas

Para Isabela Souza, a pandemia aponta que acesso à web é caminho para superar a desigualdade nas próximas gerações
A pandemia aprofundou todas as desigualdades do país, alerta Isabela de Souza, do Observatório de Favelas. Para ela, acesso à internet passou a ser um direito fundamental Foto: Gabriel Monteiro/12-11-2020 / Agência O Globo
A pandemia aprofundou todas as desigualdades do país, alerta Isabela de Souza, do Observatório de Favelas. Para ela, acesso à internet passou a ser um direito fundamental Foto: Gabriel Monteiro/12-11-2020 / Agência O Globo

RIO - Isabela Souza, diretora do Observatório da Favelas, alerta que a pandemia aprofundou todas as nossas desigualdades e que a inclusão digital deve ser um direito fundamental.

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Como o acesso precário à internet afetou as comunidades?

Houve um aprofundamento de todas as nossas desigualdades estruturantes. O acesso à internet passou a ser um direito fundamental, como educação, saneamento, trabalho e renda, para superar a desigualdade nas próximas gerações. O acesso ao auxílio emergencial, aos canais de proteção públicos, às atividades escolares dos filhos, tudo passou pela rede.

E como ficaram as atividades escolares?

Muito alunos não tiveram rotina educativa assegurada pela precariedade do acesso à internet, tanto em suas casas como na dos professores. Há um jovem que estuda em escola particular, que tem internet em uma casa confortável, e há outro que divide o equipamento com a família, não tem sinal de internet regular em casa nem a mesma segurança alimentar e a mãe ainda perdeu o emprego. Ele terá menos oportunidade.

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E o lazer?

A cultura, nesse momento, foi uma válvula de escape, para manter a saúde mental. Sem internet, não tem a mesma disponibilidade de lazer.

Como conseguiram ajudar as famílias e os jovens?

Mais uma vez, as muitas iniciativas foram majoritariamente sem o suporte do Estado. Tivemos pré-vestibular, inclusive com suporte psicológico, material. Houve iniciativas para conseguir pagar 3G. Nessa pandemia, vimos a resiliência das favelas, da periferia, que pensaram alternativas.