Inovação: diferencial competitivo para Instituições de ensino superior
60% ou mais dos estudantes que buscam ensino superior procuram quatro ou cinco instituições diferentes
2024 foi um ano intenso. Houve uma série de novidades em relação a políticas públicas e regulatórias e desde o início da gestão do ministro Camilo Santana frente ao MEC (Ministério da Educação) algumas gavetas que estavam empoeiradas, muitas sem nem sequer serem abertas pela pasta, finalmente começaram a ser trabalhadas. Independentemente dos resultados, muitas circunstâncias interferiram na rotina, na gestão e nas estratégias de sustentabilidade das IES pelo Brasil.
Neste artigo, deixo um pouco de lado as questões relacionadas a políticas públicas. Abordo o desafio da gestão universitária para fins de sustentabilidade e competitividade das instituições de ensino. Quanto ao primeiro tema, poderíamos lançar lume a diversos ângulos que devem ser avaliados. Entretanto, considero necessário discutir a captação de alunos, a gestão da permanência, a saúde financeira, as estratégias de cooperação e eficiência, a inteligência artificial, quanto ao que tange aspectos operacionais das IES.
Debrucemo-nos principalmente em assuntos que são concernentes à inovação.
Recordo-me de quando fazia gestão universitária. Neste ano (2024), completo 20 anos de atuação no segmento; portanto, já ouvi falar de inovação muito antes de a palavra estar em voga; quando esta era uma iniciativa ainda muito suspeita, tirando da turba esgares e olhares à socapa, questionando os efeitos que isso traria. Seriam os benefícios decorrentes dessa ideia reais?
Recordo-me das falas do professor e palestrante Fábio Reis, atualmente diretor de inovação e redes do Semesp, quando tratava o tema com naturalidade e firmeza em um campo totalmente desconhecido e que afirmava que os “movimentos são processuais e o pensamento do estudante assim como as tecnologias aplicadas são diferentes do que estava disponível há dez anos”.
As instituições de ensino sofreram transformações profundas nas últimas décadas. Devido às mudanças econômicas, políticas, jurídicas, sanitárias, financeiras, concorrenciais e comerciais, este mercado é muito diferente do que fora.
Contudo, isso desperta no setor uma palavra que gera certo desconforto: crise. Há mais de uma década, entramos num vórtice crítico que o transformou, alterando suas diretrizes. Os dados do Censo mostram que há uma dificuldade sistêmica nas demandas. O problema está longe de ser ocasionado pela falta de interesse; ao contrário, existe uma procura crescente pela educação superior, a qual está distribuída diversamente conforme ocorria antigamente.
Ainda parafraseando o professor Fábio Reis, inovação exige um processo de amadurecimento institucional. Deve haver planejamento para haver eficiência, melhorias contínuas, melhores resultados financeiros e um futuro a ser ideado.
Inovação não é um conjunto de desejos sem conexões, mas um discurso pelo qual se inicia um processo de mudanças discutidas coletivamente.
Muitas universidades não a usam a seu favor. Pelas minhas experiências pelo Brasil, visitando instituições espalhadas por todo o território, percebo que muitas delas poderiam estar em um patamar melhor, por meio de técnicas inovadoras; percebo, contudo, que a comunicação não perpassa a barreira de tudo o que é realizável em seu universo de atuação.
Segundo dados do Google, 60% ou mais dos estudantes que buscam ensino superior procuram quatro ou cinco instituições diferentes, antes de fazer a sua inscrição. Então se a sua capacidade de inovar está expressa na sua capacidade de comunicar aquilo, meta atingida! Das cinco instituições que ele procurou, duas foram escolhidas para fazer a inscrição; isto é ganho para a empresa sem nem sequer precisar de propaganda.
Por fim, inovação não precisa ser uma transformação ingente a ponto de o pequeno gestor pensar que não será capaz de realizá-la. Ao contrário, este é um projeto a ser desenvolvido por todos, é uma vontade que deve ser unânime, é a projeção do que se quer ser e com quem se quer falar.
Faça acontecer. Inovação não tem fórmula exata. Conecte os departamentos, financeiro, criativo e administrativo. Deve haver sinergia entre estes segmentos. Dinheiro é importante, portanto, é necessário haver um controle pecuniário..
O mais importante para ser uma instituição inovadora, edificante e diferente é dar o primeiro passo. Dê visibilidade a um bom projeto de inovação apresentado, valorize as ideias, amplie o envolvimento das pessoas e amplie o network corporativo. As decisões devem ser tomadas com base em evidências.
Por Rodrigo Bouyer, avaliador do INEP e sócio da Somos Young