Por Tácita Munz, G1 AC — Rio Branco


Implantadas há quase dois meses, escolas de tempo integral atendem mais de 4,3 mil alunos no Acre — Foto: Reprodução Rede Amazônica Acre

O ensino integral foi implantado em dez escolas do Acre há quase dois meses e já atende 4.315 alunos, segundo dados da Secretaria de Educação. São sete escolas em Rio Branco e outras três no interior, instaladas nos municípios de Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Brasileia.

O número de matriculados atualmente é menor do que o anunciado no início das aulas, que era de quase 6 mil jovens.

As aulas começaram no dia 19 de março e o secretário de Educação e Esporte do Acre, Marco Brandão, avalia a fusão do ensino como positiva. Com a mudança, os alunos passam a ter atividades durante todo o dia.

“O sistema está dando certo e a gente já tem resultados positivos, que serão avaliados pelas instituições responsáveis”, explica Brandão.

O secretário diz ainda que não há previsão para que novas escolas se tornem de tempo integral. O momento agora, segundo ele, é de avaliação. A Educação também deve fazer um levantamento mais completo e detalhado até o fim do primeiro semestre deste ano.

“A gente implanta avalia, reavalia e vai o tempo inteiro ajustando e fazendo as mudanças necessárias. Desde o momento em que é implantado, a avaliação é contínua”, pontua.

Na capital, os sete colégios que funcionam com o ensino integral são: Escola Estadual José Ribamar Batista (Ejorb), Escola Jornalista Armando Nogueira, Escola Estadual Sebastião Pedrosa, Escola Estadual Boa União, Escola Humberto Soares da Costa, Instituto Estadual Lourenço Filho (IELF) e a Escola Glória Peres.

Juntas, antes de serem em tempo integral, essas instituições atendiam 6.449 alunos – 2.134 a mais do que atualmente. Porém, a mudança foi necessária porque o ensino agora se divide em manhã e tarde. Não há um número fechado de quantos alunos cada escola atende após a implantação.

Mas, a média é que as escolas atendam cerca de 500 alunos cada. Somente a de Brasileia, tem ao menos 700 alunos.

Em Cruzeiro do Sul, a Escola Craveiro Costa aderiu à nova modalidade de ensino. Em Brasileia, a unidade de ensino Kairala José Kairala passou a receber os alunos durante todo o dia este ano. E em Tarauacá, a Escola Djalma Batista também entrou para o ensino integral.

Base curricular

Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino médio elaborada pelo governo federal pode ampliar a desigualdade nos estados. Para o Ministério da Educação (MEC), a proposta aumenta a possibilidade de escolhas dos alunos e dá um padrão nacional aos currículos.

A principal questão é que, ao contrário da BNCC para o ensino fundamental, o texto final com as diretrizes para o ensino médio não apresenta em detalhes as habilidades que devem ser ensinadas nos itinerários formativos propostos. Na avaliação deles, a ausência de dados específicos pode fazer com que os estados acabem adotando caminhos diferentes nos currículos, o que pode aumentar a diferença entre as escolas pelo país.

No início dessa semana, um ciclo de debates proposto pelo Instituto Ayrton Senna e o Itaú Social debateu, com vários representantes dos estados, o novo documento e seus impactos. A reunião que ocorreu na Fecomercio São Paulo, na segunda-feira (7), contou com pesquisadores de diversos países.

Linda Darling-Hammond, professora emérita de educação da Universidade de Stanford e presidente do Learning Policy Institute, Charles E. Ducommun, defendeu que a internet é a grande aliada de ensino nos tempos atuais.

No Acre, o secretário Marco Brandão diz que desde a década de 90, o Estado conta com a capacitação de educadores no quesito tecnologia.

“Nós temos essa formação de professores, não só com o computador, mas com novas ferramentas que levam conhecido às escolas”, garante.

Graduada em pedagogia, com mestrado e doutorado em sociologia, todos pela Universidade de São Paulo, a Dra. Elba Siqueira de Sá Barretto defendeu que é preciso também aproveitar experiências acumuladas que geraram resultados positivos. “Existem ritmos diferentes de aprendizagem”, defendeu.

Em coletiva, Linda destacou ainda que a base comum curricular é um desafio que vai instigar o pensamento crítico relacionado ao ensino em todo o país. Sobre as desigualdades que o documento deve gerar, ela diz que é preciso pensar em maneiras para reduzir esse impacto.

“É pensar uma forma de equalizar esse ensino. É pensar em como podemos evoluir”, finalizou.

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