LONDRES — As crianças devem ser livres para explorar as “muitas formas de identidade” de gênero , sem serem rotuladas ou intimidadas, recomendou a Igreja Anglicana às mais de 5 mil escolas que controla. De acordo com as novas diretrizes, medidas devem ser tomadas para acabar com o bullying relacionado à orientação sexual ou identidade de gênero.
— Todo bullying, incluindo o homofóbico, bifóbico e transfóbico, provoca danos profundos que levam a níveis mais altos de desordens mentais, depressão e suicídio — alertou Justin Welby, Arcebispo da Cantuária, segundo o “Independent”. — Central para a teologia cristã é que todos nós somos feitos à imagem de Deus. Todos nós somos amados incondicionalmente por Deus. Nós devemos evitar, a todo o custo, diminuir a dignidade de qualquer indivíduo por um esteriótipo ou problema.
As diretrizes dizem que as escolas devem “promover a dignidade para todas” as crianças, permitindo que os alunos “aceitem a diferença de todas as variedades e sejam apoiados para aceitar sua própria identidade de gênero ou orientação sexual”.
“No contexto dos primeiros anos e durante a escola primária, a brincadeira deve ser uma característica da exploração criativa. Os alunos precisam ser capazes de brincar com as muitas formas de identidade. As crianças devem ter a liberdade de explorar as possibilidades de quem possam ser sem julgamento ou escárnio”, diz a nova recomendação. “Por exemplo, uma criança pode escolher a roupa de balé, a tiara da princesa e o salto alto e/ou o capacete de bombeiros, o cinto de ferramentas e a capa de super-heróis, sem expectativa ou comentário”.
— Essas diretrizes ajudam as escolas a oferecerem a mensagem cristã de amor, alegria e celebração de nossa humanidade sem exceção ou exclusão — disse Welby.
Alguns grupos discordam das recomendações e acusam uma tendência em direção à neutralidade de gênero, alegando que as vozes discordantes estão sendo silenciadas ou rotuladas como preconceituosas. Segundo a organização Christian Concern, professores estão sendo perseguidos em sala de aula. Um dos casos seria o de Joshua Sutcliffe, que terá que comparecer a uma audiência disciplinar por ter se referido a uma criança como “garota”.
— Esse caso é um dos muitos que estamos encontrando onde professores estão sendo silenciados ou punidos se negarem a entrar em linha com a moda transgênero — comentou Andrea Williams, diretora do Centro de Direito Cristão, que está defendendo Sutcliffe. — Todos nós sabemos o quanto mudamos nos anos de adolescência. É vital que durante esses anos nós ajudemos as nossas crianças a viverem no sexo biológico em que nasceram em vez de encorajá-las a mudar de gênero. Se nós as encorajarmos, não será legal ou com compaixão, será cruel.