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O futuro da educação diante da incerteza do futuro da humanidade

Por Gustavo Rodrigues de Oliveira
Atualização:
Gustavo Rodrigues de Oliveira. Foto: Divulgação

Neste cenário de absoluta exceção criado pela pandemia da COVID19, que transformou o cotidiano de quase todas as atividades econômicas, sociais e acadêmicas em todo o mundo, é necessário avaliarmos os impactos em áreas que dependem de diretrizes e papéis a partir do Estado e de suas políticas públicas, como é o caso da saúde, da assistência social e sobretudo da educação.

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Diante de perspectivas tão distantes de uma normalidade, questiona-se os modelos vigentes da educação, as inovações necessárias e seu próprio futuro. Antes disso, consideremos que o sistema educacional brasileiro é segmentado por níveis, categorias e tipos de aprendizado. Em meio a uma crise sem precedentes, tem se buscado saídas e meios válidos para satisfazer a sociedade e educadores a fim de assegurar o aprendizado.

Esta discussão vai muito além das diferenças entre o modelo de educação presencial e o remoto. Em ambos, além de preferências pessoais, existem falhas e pontos de melhoria. Alguns especialistas apontam para o modelo híbrido, mas na realidade não há uma referência segura para seguir no plano de retomada, uma vez efetivado. Existe um clamor social pela vida e a educação passa a ser um elemento coadjuvante. Mas onde está o futuro da educação, senão no agora? Mais grave ainda é o abismo social que a ausência da educação regular poderá causar.

É muito forte a fala de saber lidar e encarar a perpetuação da tecnologia, das metodologias ativas e os desafios de um novo mindset (mudança de comportamento). A grande questão não é mais discutir a necessidade de mudança, mas o quanto estamos prontos para esta transformação.

Segundo Cláudia Costim, da FGV, há atualmente 190 países com escolas fechadas e um bilhão e meio de crianças e adolescentes sem aulas em todo o mundo. A especialista aponta ainda que há um risco tremendo da desigualdade social agravar as desigualdades educacionais já existentes.

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Então, compreendemos que o problema da educação de hoje, projetando para o futuro, é de origem social. Onde há melhor estrutura, a resposta e a adaptação são quase que imediatas. Porém, a interlocução no processo educativo onde as condições não são adequadas, cumprindo, quando muito, um papel burocrático e nada funcional, afasta-se do processo de aprendizagem. Cabe a reflexão sobre o que vem pela frente, pois não se trata mais do marco temporal pós-pandêmico, mas de um lastro de proporções inimagináveis.

E o futuro da educação? Ainda é prematuro, mas talvez o modelo híbrido se consolide. Enquanto isso, o ensino presencial é inferiorizado e o ensino a distância se firma. O futuro da educação deve ser compreendido como um processo de transferência de conhecimento e desenvolvimento das potências humanas, onde o modelo não pode estar restrito a um determinado meio para sua disseminação. Ao mesmo tempo não podemos deixar de lado o fator humano, a liberdade de escolhas e a pluralidade: eis aqui a soma de fatores que favorecem o nível de importância da educação.

Da mesma forma que as políticas públicas de saúde foram valorizadas no auge da pandemia pela população, a educação não teve a mesma relevância. O acesso à saúde nos faz refletir sobre a repercussão do modelo de acesso à educação. Se não existisse o SUS, como se desenharia o acesso a tratamentos e a rápida implantação de estrutura para o enfrentamento da COVID-19? Temos milhares de mortos, uma conta perversa e lastimável, mas sem a presença do Estado, como a população se manteria viva? Guardadas a estas proporções, quantos milhões de alunos, de todos os níveis, estão e estarão longe da escola se nenhuma iniciativa for adotada? A saúde se mostra como pré-requisito da educação; sem uma, a outra não se concretiza.

Os desafios permanecem os mesmos. Num nível de dificuldade nunca antes previsto. Garantir a continuidade dos estudos e da vida são os objetos de desejo de todos, pois a cura virá do conhecimento e isto deve ser ressaltado. A saída está na educação, para construir previsões possíveis para o futuro. Sem ela não há evolução, perspectiva, mudança ou futuro.

*Gustavo Rodrigues de Oliveira é Doutor em Políticas Públicas, coordenador do Curso de Administração de Empresas da Faculdade Santa Marcelina e docente nos cursos de Medicina e Administração de Empresas da mesma instituição.

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