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Guerra no Jacarezinho entra no 6º dia e deixa 7 mil estudantes sem aulas

16.ago.2017 - Helicóptero da polícia civil sobrevoa a comunidade do Jacarezinho - Gustavo Oliveira/Futura Press/Estadão Conteúdo
16.ago.2017 - Helicóptero da polícia civil sobrevoa a comunidade do Jacarezinho Imagem: Gustavo Oliveira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

16/08/2017 16h13

Ao menos 6.972 alunos da rede municipal ficaram sem aulas nesta quarta-feira (16) devido aos confrontos entre policiais e traficantes na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro.

Desde a última sexta-feira (11), quando o policial civil da Core (Coordenadoria de Ações Especiais) Bruno Guimarães foi morto em uma ação na região, a polícia tem feito incursões diárias na favela. Pelas redes sociais, moradores relatam tiroteios constantes.

Na terça-feira à noite, um feirante morreu após ser atingido por uma bala perdida e uma mulher foi ferida no rosto. Moradores chegaram a fechar uma das ruas vizinhas à favela em protesto.

Ainda na noite de ontem, um caveirão chegou a ser atingido por um coquetel molotov.

Segundo o comando da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Jacarezinho, policiais da unidade foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como CRJ, por volta das 9h desta quarta. Houve confronto e, até as 15h, não havia informações sobre feridos.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, sete escolas, seis creches e quatro Espaços de Desenvolvimento Infantil optaram por suspender o expediente por questões de segurança.

Violência x escolas

Desde o início do ano letivo, em 2 de fevereiro, até hoje, 132.903 estudantes ficaram sem aulas ao menos por um dia devido à violência.

“Dos 118 dias letivos, em apenas 8 dias a rede funcionou sem interferência da violência", informou a pasta.

Em entrevista ao UOL, o professor Célio da Cunha, um dos fundadores da ONG Todos Pela Educação, afirmou que o impacto da violência na escola vai além dos já esperados problemas de defasagem no currículo escolar.

“A criança falta à aula, entra na escola com medo, os professores tentam recuperar, mas já não é a mesma coisa. Mas, para além disso, há o impacto na formação. O processo de socialização num ambiente de medo tem influência na personalidade. A criança se desenvolve com medo do mundo, tem a autoimagem, a autoestima, o seu processo de cidadania prejudicado”, afirma.

Este é o sexto dia consecutivo de confrontos na região.