RIO - Um grupo de 23 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) emitiu nesta quarta-feira um ofício aos diretores do órgão defendendo os 37 colegas que pediram exoneração dos cargos de chefia.
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“Reafirmamos a situação de fragilidade técnica e administrativa em que se encontra a gestão máxima do Inep e nos solidarizamos com os servidores que solicitaram exoneração/dispensa”, diz o texto.
A nota afirma ainda que os mesmos sempre desempenharam suas funções com alta qualidade técnica, abstendo-se de questões ideológicas, remuneratórias bem como de fundo político-partidário, “como pode ser comprovado em toda a conduta dos mesmos durante a permanência nos cargos, sendo que alguns os desempenharam por quase 10 anos”, diz o ofício.
A mensagem foi enviada no dia seguinte à declaração do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de que a crise interna do órgão aplicador do Enem se deve a uma "questão administrativa, de pagamento ou não de gratificação".
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No ofício desta quarta-feira, assinado por 23 servidores, o grupo ainda aponta risco institucional que é a saída dos 37 colegas de suas funções estratégicas no órgão e “solicitamos esclarecimentos oficiais relacionados ao posicionamento do Ministério da Educação, responsável pela nomeação da gestão máxima do Inep, quanto a situação de vulnerabilidade em que nos encontramos nesse momento, que repercutirá nas ações do órgão para o ano de 2022, por começarem a ser planejadas e executadas em janeiro, e que nos causa grande preocupação”.
Em reportagem do Fantástico neste domingo, parte desses funcionários relataram tentativas de interferência durante a produção da prova, como o acesso de um agente da Polícia Federal a uma área restrita do Inep e pedidos de mudanças em perguntas que tratavam da "história recente do país".
Ribeiro afirmou que houve "zero interferência" no Enem, garantiu a sua realização neste domingo e comentou a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que as questões do exame "começavam a ter a cara do seu governo".
— A prova vai ter a cara do governo, sim, de seriedade e honestidade e de fazer as coisas com o máximo de competência possível — disse o ministro, dando um novo sentido à frase do presidente.
Diante da crise interna instalada no MEC, Ribeiro teve uma reunião nesta terça-feira com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para discutir os procedimentos de segurança na aplicação do exame. O encontro durou cerca de 30 minutos e também contou com a presença do presidente do Inep, Danilo Dupas.
A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados pretende convocar nesta semana o ministro a dar maiores explicações sobre a debandada dos servidores do Inep.