Por G1 DF


Placa informando a greve dos professores na escola Elefante Branco, na Asa Sul, em Brasília — Foto: Wellington Hanna/G1

Com nove dias de greve dos professores de escolas públicas do Distrito Federal completados nesta quinta-feira (23), nem a Secretaria de Educação nem o sindicato que representa a categoria têm informações sobre o impacto das mobilizações.

Servidores que fazem a limpeza de alguns colégios também cruzaram os braços na última semana alegando atraso nos salários. A paralisação comprometeu o funcionamento em escolas no Gama, Plano Piloto, Núcleo Bandeirante, Guará, Planaltina, Sobradinho, São Sebastião e Paranoá.

Por telefone, a Secretaria de Educação informou que o levantamento sobre o impacto das greves “ainda não está pronto, porque não foi concluído”. Em nota, informou que repassou R$ 3 milhões à empresa Juiz de Fora, responsável pelos serviços de limpeza, referente à fatura de fevereiro.

"Os contratos de terceirização preveem os repasses em até 60 dias após a apresentação da fatura e da documentação exigida. Compete às empresas garantir o repasse dos salários e demais encargos trabalhistas dos funcionários", diz o comunicado.

Na semana passada, a pasta publicou uma portaria solicitando aos diretores das escolas o envio de memorandos e e-mails diários com nome e matrícula de professores substitutos que aderirem à paralisação. O governo também decidiu cortar o ponto de todos os servidores públicos que participarem de assembleias sindicais em horário de trabalho.

Alunos saindo do CIL, em Brasília — Foto: Wellington Hanna/G1

Entre os muros

No Centro de Ensino Fundamental 4 de Sobradinho, os estudantes chegaram para a aula mas foram impedidos de entrar. Nem todos os professores de lá aderiram à greve, mas um piquete de docentes impediu o funcionamento normal da escola.

O G1 fez uma "blitz" em quatro escolas do Plano Piloto nesta quinta para acompanhar o andamento das aulas. Nenhum dos colégios visitados estava com o quadro de professores completos, mas ainda assim, diretores diziam que a greve "não alterou a rotina dos estudantes".

Em outras unidades, apenas cinco alunos compareceram para as aulas dos últimos dias. É o caso do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, na 907 Sul. O vice-diretor Fernando Damiano contou que, dos 70 professores da instituição, apenas 14 foram dar aula nesta quinta.

“Dos nossos 700 alunos, só uns 10 vierem. Independentemente de virem ou não, todos vão ter de participar das reposições de aula quando a greve acabar.”

Baixa adesão

No Centro Educacional Gisno, na 907 Norte, a participação dos professores na greve era menor – os alunos estavam sendo liberados cerca de duas horas antes do horário regular. Segundo o diretor da escola, Isley Marth, dos 68 docentes, 15 resolveram cruzar os braços.

"Acho que a adesão aqui foi menor, porque vivemos um momento de crise grande. Mas também acho que o movimento de greve vai ganhar mais força nos próximos dias”, afirmou.

A escola conta com 1,2 mil alunos e atende jovens do ensino médio, pela manhã, e do ensino fundamental, à tarde. O diretor estima que 80% dos estudantes estejam indo regularmente as aulas.

Fachada do Centro Educacional Gisno, que sofreu o impacto da greve dos professores — Foto: Wellington Hanna/G1 DF

Já no Centro de Ensino Fundamental Caseb, apenas cinco professores paralisaram as atividades nesta quinta – a escola tem 64 educadores. A diretora Angelita Garcia diz que o movimento foi maior durante a semana, mas perdeu o fôlego depois de o GDF ameaçar o corte de ponto dos profissionais.

“[Agora] estamos tendo aulas normalmente. Nas turmas em que os professores não vieram, levamos os alunos para fazer atividades físicas ou para assistir filmes. Nossos 1,1 mil alunos estão vindo normalmente.”

Tudo 'normal'

A diretora do Centro Interescolar de Línguas (CIL) da Asa Sul, Renata Batista, conta que dos 67 professores, 3 pararam de dar aulas por conta da greve. Renata conta que os alunos frequentaram as aulas normalmente durante os nove dias de greve. “Aqui está tudo normal, como se não houvesse greve. Todas as aulas e atividades normalmente”.

Ainda de acordo com Renata, membros do Sindicato dos Professores fizeram uma manifestação na porta da escola nesta quinta para “convocar professores para a greve”. “[Eles] montaram um piquete para não deixar os alunos entrar, mas foi algo rápido e as aulas foram normais”.

O DF tem, ao todo, 667 escolas públicas. Além das greves dos professores e servidores de limpeza, 87 destas unidades – que não tinham caixas d’água ou estavam com problemas na rede hidráulica – também tiveram o início do ano letivo conturbado por causa da crise hídrica que a atinge a cidade.

Fachado do Centro Educacional Gisno, em Brasília — Foto: Wellington Hanna/G1

Pagamentos atrasados

A paralisação dos professores começou no último dia 15. A categoria reivindica o pagamento da quarta parcela do reajuste salarial, que está atrasada desde outubro do ano passado.

Em assembleia na terça passada, a categoria decidiu continuar a greve. Segundo o sindicato, dos 30 mil docentes, 10 mil participaram da reunião que aprovou a continuidade da mobilização.

O governo diz que não tem condições financeiras de arcar com os reajustes reivindicados pelos professores. Afirmou também que a Procuradoria Geral do Distrito Federal vai acionar a Justiça contra a greve da categoria.

Já os trabalhadores terceirizados de limpeza das escolas pararam no dia 16. Eles trabalham em escolas no Paranoá e no Itapoã e cruzaram os braços em protesto aos meses de salários atrasados. Segundo a categoria, a greve não termina até que os pagamentos sejam feitos.

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