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Gravidez não planejada é questão de saúde pública

A falta de informação e de acesso a contraceptivos contribui para os elevados índices de gestações não intencionais no País

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Por Organon
4 min de leitura

No Brasil, o índice é maior que a média mundial, estimada em 40% – de acordo com pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, cerca de 55% das mulheres que se descobrem grávidas não tinham planejado ter filho naquele momento. Um olhar mais aprofundado para o levantamento revela que o número é ainda mais eloquente entre adolescentes: mais de 65% das jovens não tinham programado ser mães quando deram à luz.¹

Divulgação 

Para discutir o impacto desse cenário na saúde pública e entender como está o acesso à informação sobre o uso de métodos contraceptivos e sua distribuição no País, o Estadão Blue Studio organizou uma mesa-redonda, com o patrocínio da Organon, evento realizado de forma virtual no dia 21 de julho. Para a ginecologista Carolina Sales, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP), a falta de conhecimento sobre saúde sexual e reprodutiva e sobre planejamento familiar contribui para índices tão elevados. “As meninas acabam tendo a primeira relação sem ter informação sobre infecção sexualmente transmissível e sem saber como se proteger de uma gravidez não planejada”, disse a médica, que é também membro do Steering Comittee em contracepção da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

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Representante do United Nations Development Programme (UNFPA) no Brasil, entidade que colabora com governos e organizações da sociedade civil na formulação de programas sobre população e desenvolvimento, a antropóloga, socióloga e psicóloga Astrid Bant apontou uma associação direta de indicadores sociais nesse contexto. “Entre as mulheres em vulnerabilidade, seja por pobreza, pouca educação formal ou situação de violência doméstica, percebe-se o aumento de casos de gravidez não planejada”, destacou.

Embasada na própria experiência de ter sido mãe aos 17 anos, a deputada distrital Julia Lucy, que trabalha em prol de ações de planejamento reprodutivo no Distrito Federal, ponderou: “Tenho consciência de que vivi uma exceção, porque fiquei grávida e continuei tendo apoio. Eu estava no terceiro ano do ensino médio e fiquei poucas semanas fora da sala de aula. Consegui conciliar o cuidado de minha filha e a vida escolar”.

Essa, porém, não é a realidade de boa parte da população mais vulnerável, segundo observou Thiago Duarte, deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, que é ginecologista e obstetra e atua na periferia da região metropolitana de Porto Alegre. “A falta de planejamento familiar está relacionada com desassistência. Estudos mostram que a gravidez na adolescência acaba trazendo como consequência uma maior mortalidade neonatal, infantil e materna, em razão de um acompanhamento pré-natal não adequado”, disse. Outro resultado, complementou, é a alta evasão escolar das meninas que engravidam, comprometendo seu futuro. Para o deputado, autor de uma lei estadual sobre planejamento familiar, o grande problema no que se refere a esse tema é a dificuldade de acesso a contraceptivos efetivos e eficazes para essa população.

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Nesse sentido, ao dar um panorama sobre os recursos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Carolina Sales contextualizou: “Cerca de 80% da população passível de engravidar usa algum método anticoncepcional. É uma taxa boa, o problema é a qualidade do que se utiliza”. Nos postos de saúde do País, descreveu a médica, são ofertados pelo SUS os seguintes anticoncepcionais: pílulas, injeções (mensais e trimestrais), preservativos (masculino e feminino), diafragmas (em falta), métodos cirúrgicos (laqueadura e vasectomia) e o dispositivo intrauterino de cobre (DIU de cobre). Com exceção dos métodos cirúrgicos e do DIU de cobre, que são muito eficazes e apresentam baixíssima chance de falha, os demais anticoncepcionais são sujeitos a esquecimentos e podem falhar quando não utilizados corretamente. É importante comentar que mesmo com a oferta de DIU de cobre, o único anticoncepcional de longa ação disponível no SUS, o acesso a ele é dificultado por múltiplos fatores, incluindo a falta de profissionais capacitados para inserção e acompanhamento do dispositivo e a exigência de exames desnecessários para sua colocação do DIU. “Outro gargalo é a falta de mais anticoncepcionais de longa ação no SUS, como o DIU hormonal e o implante”, relatou a médica.

“Outro gargalo é a falta de mais anticoncepcionais de longa ação no SUS, como o DIU hormonal e o implante”

Carolina Sales, Professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP

Assista à íntegra em: 

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