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Governo vai desengavetar iniciativas do BC que estavam paralisadas no Executivo, diz Haddad

Objetivo, segundo o ministro da Fazenda, é melhorar o ambiente de crédito diante da ‘trava’ do aumento dos juros básicos

Foto do author Eduardo Laguna
Foto do author Cicero Cotrim
Por Eduardo Laguna (Broadcast) e Cicero Cotrim (Broadcast)
Atualização:

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 30, em encontro com empresários da indústria paulista, que o governo vai “desengavetar” iniciativas de democratização do crédito do Banco Central (BC) que estavam paradas no governo anterior. Haddad se comprometeu a levantar nos próximos 15 dias todas as iniciativas de crédito do BC que estavam paralisadas.

Ele disse que o assunto foi discutido com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, antes de sua participação na reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O objetivo, adiantou, é melhorar o ambiente de crédito diante da “trava” do aumento dos juros básicos, a Selic.

A ideia é, até março, encaminhar tudo para a Casa Civil, que na sequência despachará ao Congresso. ”A notícia que recebi é de que várias iniciativas ficaram pelo caminho por questões formais”, declarou Haddad ao falar das medidas na Fiesp. “A Selic é uma trava para todos nós, e para a democratização do crédito, mas sabemos do potencial que isso teria na economia brasileira.”

Reforma tributária

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Haddad disse também que vê uma oportunidade para aprovação da reforma tributária, assim como de um novo arcabouço fiscal, importante, segundo ele, para pacificar o Brasil num “front delicado”. “Em relação a finanças públicas, a pressão está nas mesas do Tesouro e do Banco Central diariamente, fora o terrorismo”, disse o titular da Fazenda, referindo-se às críticas do mercado em torno das incertezas nas contas públicas.

O ministro disse que as reformas terão “alta intensidade” no novo governo e que ele enxerga receptividade tanto na Câmara quanto no Senado em relação à agenda do Executivo. “Não vejo intenção de postergar aquilo que precisa ser discutido.”

Haddad durante reunião com diretoria da Fiesp, em São Paulo Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Nova âncora fiscal

Haddad preferiu não se antecipar sobre o novo arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos. Segundo ele, o ministério está, neste momento, consultando as pessoas, colhendo estudos internacionais de vários organismos. Posteriormente, a proposta será levada para discussão com os demais ministérios.

“Se eu me antecipo, prejudico esse protocolo”, afirmou o ministro, ao justificar porque segue evasivo em relação ao tema. Haddad frisou que todos os interlocutores com quem discute a nova regra reconhecem a necessidade de substituir a atual por uma regra mais crível e sustentável no longo prazo. “O diagnóstico [entre economistas], para mim, está pacificado”, comentou o ministro.

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Depois de citar as três agendas prioritárias do governo – fiscal, crédito e regulatória –, Haddad considerou ser “natural” a ansiedade em relação aos anúncios do presidente Lula nessas frentes.

Críticas a cortes

No mesmo encontro, Haddad criticou os cortes nos investimentos em ciência e tecnologia do governo anterior. “A ciência brasileira foi muito sacrificada no último período. Precisamos voltar a pensar em investimento em ciência e tecnologia.”

O ministro defendeu maior foco do Sistema S no ensino médio, considerado o maior gargalo da educação no País. Lembrou também que, nos governos petistas anteriores, a Petrobras multiplicou por nove os investimentos em ciência e tecnologia.

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