BRASÍLIA— O governo quer fazer um edital com livros impressos e digitais para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) para que o novo formato chegue às escolas em 2023. A proposta do modelo híbrido em análise deve ficar pronta ainda neste mês para que, caso haja decisão favorável, possa ser publicada já em dezembro.
O PNLD é uma das principais iniciativas da educação brasileira e é responsável por enviar livros didáticos e literários às escolas públicas de educação básica de todo o país. O programa funciona em ciclos que atendem alternadamente as diferentes etapas de ensino: educação infantil, anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio.
Relembre : Ministro da Educação diz não ter responsabilidade sobre volta às aulas e desigualdade de ensino
Internamente, a discussão no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que opera o PNLD, sobre a confecção de um edital híbrido ganhou força com as novas condições impostas pela pandemia e a necessidade de utilização de materiais digitais. A equipe começou a trabalhar na iniciativa e estabeleceu inclusive um cronograma para possível publicação do edital em dezembro.
A proposta esbarra, no entanto, na capacidade de fornecer uma plataforma tecnológica segura e capaz de comportar a utilização dos livros didáticos e literários on-line pelos estudantes. Há uma preocupação em relação a não disponibilização dos dados dos estudantes para as editoras que participam do certame, por exemplo. Setores de tecnologia do órgão trabalham na análise de alternativas para resolver o problema. A medida é uma condição para que o órgão coloque de pé a proposta de fornecer livros digitais.
Pandemia: Estudantes precisam pagar a própria internet para ter aula
De acordo com o Censo Escolar 2019, só 25% das escolas públicas do país liberam internet para seus alunos, 38% usam a rede para algum recurso pedagógico e 33% têm redes sociais. O Censo mostra ainda que só 7% das escolas públicas têm tablets e 21% têm computadores portáteis para uso dos alunos.
Os professores também não têm formação na utilização de recusos digitais. A pesquisa TIC Domicílios 2018, mostra que 65% dos docentes na região Norte não receberam formação ou treinamento nessas metodologias; 64% do Centro-Oeste; 61% do Sudeste; 58% do Nordeste e 44% do Sul.