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Governo Lula: Simone Tebet e governadora do Ceará são nomes fortes para o MEC; entenda a escolha

Izolda Cela tem o apoio de educadores e de petistas próximos ao presidente eleito. Mas a ex-candidata pelo MDB quer o posto

colunista convidado
Foto do author Renata Cafardo
Por Renata Cafardo
Atualização:

Duas mulheres disputam o cargo de ministra da Educação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito ontem presidente da República pela terceira vez. Izolda Cela, atual governadora do Ceará e ex-secretária de Educação de Sobral, tem o apoio dos ex titulares do MEC em governos petistas Aloizio Mercadante e Fernando Haddad. Fundações e institutos de educação também indicam Izolda por sua experiência em gestão pública educacional, considerada uma das mais exitosas do País, tanto em Sobral como no Estado do Ceará. Mas Simone Tebet (MDB) deu indicações claras de que quer a pasta. A avaliação é de que, se ela bater o pé, ela leva.

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Após ter ficado em terceiro lugar no primeiro turno das eleições, Tebet tornou-se uma das principais apoiadoras da campanha do PT e uma eficiente buscadora de votos do centro e de direita. Foi uma das primeiras a receber os agradecimentos públicos de Lula em seu discurso oficial depois de eleito. Educação e saúde eram os principais temas da campanha de Tebet; mas sua predileção é pelo MEC. Uma de suas ideias, que Lula prometeu incorporar, é a de dar uma bolsa para estudantes jovens permanecerem na escola.

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Simone Tebet (MDB) e Marina Silva (Rede) em caminhada com Lula em Belo Horizonte Foto: Ricardo Stuckert/ PT

Já o nome de Izolda se tornou quase um mantra na cabeça do presidente eleito há poucas semanas. Fora a experiência na área, acredita-se que uma mulher nordestina como titular do MEC teria um grande significado numa pasta destroçada por uma gestão ideológica e ineficiente. Outro ponto crucial é que ela teria mais condições de identificar rapidamente os problemas e as soluções para o ministério.

Lula tem pressa. Quer mostrar serviço nos primeiros 60 dias e ministros que desconhecem as políticas públicas da área devem ser preteridos.

Com esse raciocínio, Haddad aparece como uma terceira opção, já que seus sete anos como ministro da Educação os ajudaria a ser rápido em arrumar a casa. Mas o candidato derrotado ao governo de São Paulo também defende o nome de Izolda e pensa em outros planos no governo Lula para ele mesmo.

Izolda nunca foi filiada ao PT e deixou o PDT após racha este ano dos dois partidos, que foram aliados por décadas no Ceará. Nascida em Sobral, a psicóloga e mestre em gestão esteve entre 2001 e 2006 na secretaria da cidade, que então passou a ser considerada o maior exemplo de política educacional de sucesso no Brasil. Depois, levou as experiências com alfabetização de crianças para todo o Ceará, quando se tornou secretária estadual em 2007. O governo, na época do PDT, passou a dar incentivos materiais e financeiros para que municípios melhorassem a aprendizagem dos alunos.

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A política foi continuada por Camilo Santana, eleito governador pelo PT em 2014, quando ela assumiu a cadeira de vice. O Ceará tem há anos alguns dos melhores resultados em educação pública do País, no ensino fundamental e médio. Izolda se tornou governadora quando Camilo resolveu se candidatar a senador este ano; ele foi eleito no dia 2.

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“Já ouviu falar da revolução da educação no Ceara? Foi essa moça que fez”, disse Lula ao lado de Izolda em um vídeo gravado durante o segundo turno. “Se prepare que vai ter muito trabalho para nós”, concluiu o hoje presidente eleito. Entre os desafios da pasta estão lançar um grande programa de recuperação do déficit de aprendizagem por causa do período de pandemia, a reorganização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de outras avaliações, a recuperação do orçamento, que sofreu cortes sucessivos. Izolda no MEC teria se tornado até uma das “missões” do deputado federal André Janones (Avante) que costumava usar o termo durante a campanha para comandos repassados aos influenciadores nas redes sociais.

Mas Tebet corre por fora. E com chances. Não se sabe se ela vai insistir ou aceitar outra pasta, desde que de relevância semelhante. Advogada e professora universitária, a ex-candidata tem “a educação no coração”, como dizem algum aliados de Lula. O nome não é rejeitado na comunidade educacional, principalmente pela função crucial que ela assumiu na campanha e pelo seu interesse genuíno pelo tema, mas não há predileção por ela no cargo. O argumento é o de que falta conhecimento técnico para abrir a caixa preta do MEC de Bolsonaro e atender rapidamente aos anseios de governadores, prefeitos, professores, estudantes, famílias e ainda, das universidades federais.

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