O governo federal estuda um aumento entre 40% e 45% para as bolsas concedidas pela Capes e pelo CNPq. Os números, que variam de acordo com a modalidade da bolsa, foram apresentados por técnicos à Casa Civil, que analisa a proposta para decidir os percentuais até o fim do mês. Outra opção é conceder reajustes maiores a bolsas com valores nominais menores, como incentivos à iniciação científica.
O aumento dos benefícios já foi anunciado pelos ministros da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; e da Educação, Camilo Santana, mas o percentual ainda não foi definido. Desde 2013, os benefícios não são reajustados. No mestrado, por exemplo, pesquisadores recebem R$1500, já para o doutorado o benefício é de R$ 2.200.
Segundo interlocutores, para decidir sobre o aumento, a Casa Civil analisa não só se o percentual caberia no orçamento, mas também se há margem para aumentar o número de bolsas concedidas. Um dos pontos em análise é fixar um aumento maior para bolsas com valores mais baixos.
Na matemática feita pelos técnicos do governo um dos impasses recai sobre a definição de aumento para bolsas de iniciação científica júnior concedidas pelo CNPq, que pagam R$100 para estudantes do ensino médio. Nesse caso, a dúvida é se o governo concederia um aumento significativo para esse público, superando inclusive a média, ou utilizaria o dinheiro para multiplicar o número de bolsas desse tipo.
Esses benefícios são considerados estratégicos por incentivarem o ingresso de jovens nas áreas científicas. A bolsa é paga para estudantes inscritos no Cadastro Único e que tenham bom desempenho em olimpíadas científicas. Essa modalidade de bolsas também é utilizada em chamadas específicas como a Meninas na Ciência, que pretende incentivar o ingresso de estudantes mulheres na área.
Na transição, o grupo que acompanhava o tema chegou a sugerir o reajuste de 40% para as bolsas. Nesta semana, ministros afirmaram que o reajuste é uma prioridade para o governo.
– A comunidade científica viu suas bolsas de pesquisa encolherem, e muitos aceitaram propostas de trabalho no exterior em busca do reconhecimento que lhes foi negado em seu próprio País– criticou Luciana Santos durante anúncio do novo presidente do CNPq, Ricardo Galvão, no início da semana.