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Governo de SP vai revisar slides de aulas após erros e recomenda novo download para professores

Secretaria comandada por Renato Feder virou centro de polêmica após ele sugerir trocar livros didáticos por material digital da própria rede; Estado recuou do plano

Foto do author Renata Cafardo
Por Renata Cafardo

A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo mandou comunicado no fim da tarde desta quarta-feira, 6, em que pede que os professores baixem novamente, após o feriado, todo o material didático digital já enviado pelo governo. Isso porque, segundo a nota enviada às escolas, as aulas feitas em slides de Power Point passarão por revisão geral para corrigir eventuais erros.

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“Na busca pela garantia da qualidade do material”, diz o texto do comunicado, “todas as aulas, de todos os componentes curriculares de anos finais do ensino fundamental e ensino médio, estão passando por novo processo de leitura/revisão para minimizar, ao máximo, qualquer tipo de ocorrência: seja ela conceitual, linguística ou de outra ordem”.

Em seguida, pede que “a partir do dia 11 de setembro de 2023, os professores que já haviam baixado seus materiais voltem a fazê-lo, substituindo-os pelas versões atuais.” O documento foi enviado aos dirigentes de ensino, que repassaram aos diretores. O comunicado também pede que o aviso seja dado a toda a equipe da escola.

Livros didáticos em escola na rede estadual: Feder voltou atrás na decisão de deixar de usar obras impressas, mas continua apostando em material digital Foto: RENATA CAFARDO/ESTADÃO

O texto é assinado pela Coordenadoria Pedagógica (Coped), cujo antigo chefe foi exonerado nesta quarta, como revelou o Estadão. O coordenador pedagógico da secretaria, Renato Dias, deixou o cargo após a crise de materiais didáticos que se arrasta desde o início de agosto na gestão do secretário Renato Feder.

No mês passado, Feder sugeriu que o Estado abandonasse os livros didáticos do Ministério da Educação (MEC) para adotar somente apresentações digitais. “A aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios. O livro tradicional, ele sai”, disse Feder ao Estadão. Semanas depois, ele recuou.

Segundo o Estadão apurou, a saída de Dias se deve principalmente aos erros encontrados no material didático próprio do governo. Entre eles, estão problemas de informações históricas, geográficas e de Matemática.

Havia textos que localizavam a cidade de São Paulo na praia, informavam que a Lei Áurea, de abolição da escravidão, não foi assinada pela Princesa Isabel, e que uma divisão de 36 por 9 tem 6 como resultado.

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O comunicado começa explicando que, mesmo com o “fluxo de produção, com diversas etapas”, “erros podem ocorrer e, ao tomarmos conhecimento, imediatamente providenciamos a correção”. Diz ainda que para o 3º bimestre, que começou em agosto, foram elaboradas 1,6 mil materiais digitais para o ensino fundamental e médio. E que a recomendação de baixar novamente os documentos é um “cuidado adicional”, já que nem todos podem ter sofrido alteração.

Os materiais digitais, com aulas organizadas em slides de Power Point, que precisam ser dadas com computador, TV e internet, são a grande aposta do secretário Feder na atual gestão, apesar de a maioria das escolas não contar com wi-fi em todas as salas e equipamentos.

Quem assumiu a coordenadoria pedagógica foi Bianka de Andrade Silva, que teve experiências como professora da rede pública de Minas Gerais, mas também forte atuação na rede privada, assim como Dias. Ela foi gerente de currículo e avaliação da Escola Mais, instituição privada direcionada à classe C, e gerente de produtos digitais na Arco Educação, que vende plataformas e ferramentas tecnológicas educacionais. Bianka foi ainda coordenadora pedagógica de currículo e avaliação da Somos Educação.

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