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Por — São Paulo

A secretaria de Educação de Santa Catarina, do governador bolsonarista Jorginho Mello (PL), mandou as escolas estaduais retirarem nove obras de circulação de suas bibliotecas.

O ofício enviado às instituições na terça-feira não traz as razões da determinação, mas diz que a gestão vai enviar novas orientações em breve. "Determinamos que as obras listadas abaixo sejam retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar", afirma a nota.

Entre os livros banidos estão "It: A coisa", de Stephen King, "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, e "Exorcismo" de Thomas B Allen, três clássicos da literatura fantástica. Veja as outras obras colocadas na lista negra:

  • A química entre nós (Larry Young e Brian Alexander)
  • Coração satânico (William Hjortsberg)
  • Donnie Darko (Richard Kelly)
  • Ed Lorraine Warren: demonologistas - arquivos sobrenaturais (Gerald Brittle)
  • Exorcismo (Thomas B. Allen)
  • It: a coisa (Stephen King)
  • Laranja Mecânica (Anthony Burgess)
  • Os 13 porquês (Jay Ascher)
  • O diário do diabo: os segredos de Alfred Rosenberg, o maior intelectual do nazismo (Robert K. Wittman e David Kinney)

O ofício é assinado pelo supervisor regional de educação, Waldemar Ronssem Júnior, e pela integradora regional de educação, Anelise dos Santos de Medeiros.

Procurado, o governo catarinense respondeu que "não estão sendo retirados livros das escolas estaduais da região".

"Apenas alguns dos títulos das bibliotecas das unidades escolares da região estão sendo redistribuídos, buscando melhor adequar as obras literárias às faixas etárias das diferentes modalidades oferecidas na rede estadual de educação. Obras específicas para o público adolescente/adulto tinham sido enviadas pela antiga gestão para escolas com alunos de uma faixa etária menor, como as que apenas têm estudantes do ensino fundamental", informou em nota.

Leonel Camasão, vereador suplente pelo PSOL de Florianópolis, denunciou o caso ao Ministério Público e estuda outras medidas judiciais para impedir a retirada de livros. Em nota, o PSOL afirma que "se trata de uma censura grave, e é mais um sintoma da agenda ideológica do governo Jorginho Mello, que se mostra antidemocrática e autoritária".

A deputada estadual Luciane Carminati (PT) enviou um requerimento de informação ao governo solicitando os motivos e o parecer técnico que embasou a decisão. Ela também quer saber o que será feito com os livros tirados de circulação.

— Só falta queimar os livros. Vamos repetir a História? Parece que a secretaria de Educação não está preocupada com a construção de um conhecimento crítico, atual e adequado aos nossos estudantes — afirma Carminati.

O escritor, tradutor e professor Fábio Fernandes, que traduziu Laranja Mecânica para o português, atribui a censura dos livros a uma herança do radicalismo encontrado hoje na ala mais conservadora do Partido Republicanos dos Estados Unidos, "graças ao bolsonarismo". Jorginho é aliado de Jair Bolsonaro, e Santa Catarina é o principal reduto eleitoral do ex-presidente.

— O banimento de obras é uma das práticas mais odiosas de um regime totalitário. É inadmissível que se proíba que um livro circule numa biblioteca. É muito cruel e definitivamente um retrocesso, porque tira o poder de reflexão dos jovens leitores — diz Fernandes.

Governantes conservadores têm feito investidas contra obras literárias nos últimos anos. No Rio de Janeiro, o então prefeito Marcelo Crivella determinou o recolhimento do HQ "Vingadores: a cruzada das crianças" da Bienal do Livro de 2019.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Crivella afirmou que a HQ de super-heróis tinha "conteúdo sexual para menores". Dois dos personagens da saga são namorados e aparecem se beijando em um painel — o livro tem 264 páginas. No vídeo, Crivella dizia: "Portanto, a prefeitura do Rio de Janeiro está protegendo os menores da nossa cidade."

O movimento de censura tem ganhado força especialmente nos Estados Unidos desde a eleição de Donald Trump em 2016. Um levantamento da American Library Association (ALA) de março deste ano indicava que o país recebera 1.269 solicitações de banimento de livros no último ano, em particular a obras referentes à comunidade LGBT+ ou pessoas não brancas.

O total de 2022 chegou a 2.571, frente 713 em 2021 e 156 em 2020 — uma escalada exponencial. A associação, criada há 140 anos, passou a compilar os pedidos de censura pelo volume que a demanda teve nos últimos anos.

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