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Por Jornal Nacional


Governo federal publica MP que possibilita acesso de estudantes de escolas particulares ao Prouni

Governo federal publica MP que possibilita acesso de estudantes de escolas particulares ao Prouni

O governo federal publicou uma medida provisória que abre a possibilidade de acesso ao Prouni para quem cursou o ensino médio em colégios particulares.

O Programa Universidade para Todos foi criado em 2005 para dar ao aluno de baixa renda a chance de estudar em faculdades particulares. O governo pagava a mensalidade do estudante integralmente ou uma bolsa de 50% do valor do curso.

No início, os critérios de acesso ao Prouni eram atingir uma nota mínima no Enem; ter renda familiar de até três salários mínimos; e ter feito todo o ensino médio em uma escola pública ou ser aluno de escola particular com bolsa de estudo integral.

Nesta terça-feira (7), o governo Bolsonaro ampliou o acesso ao Prouni: editou uma medida provisória que estende o benefício a todos os estudantes de escola privada com renda familiar de até três salários mínimos.

O governo alega que fez a mudança porque mais de 175 mil bolsas do Prouni não foram utilizadas este ano e que a ampliação dos beneficiados vai tornar mais democrático o acesso da população de baixa renda ao ensino superior.

Mas especialistas afirmam que o governo está buscando uma solução para ocupar as vagas sem tocar no problema principal: a queda acentuada do número de inscritos no Enem.

A dificuldade dos alunos de escolas públicas de acompanhar as aulas virtuais durante a pandemia e a necessidade de ajudar no sustento da família por causa da crise econômica levaram milhares de estudantes a desistir de fazer o Enem nos últimos dois anos. Pouco mais de 3 milhões de alunos se inscreveram para o exame de 2021. É o menor número desde 2005.

Pandemia viveu uma alta na evasão escolar em 2020 e 2021; como resultado, Enem teve queda no número de inscritos. — Foto: Reprodução

O professor, da USP, Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, afirma que o caminho não é aumentar a competição entre escolas públicas e particulares, e sim criar melhores condições de ensino para estudantes de escolas públicas enfrentarem o Enem.

“Isso significa que o governo deixou de estimular o ingresso do estudante de escola pública na universidade. Ele interrompeu esse sonho. Isso precisa rapidamente ser revisto. Se, de fato, a preocupação do governo Bolsonaro fosse ocupar as vagas remanescentes, por que não oferta então essas vagas remanescentes para o conjunto dos estudantes e não abrir todas as vagas para serem fruto de concorrência no Prouni entre estudantes de escolas públicas e escolas privadas?”.

A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior disse que a mudança não prejudica alunos de escolas públicas porque há vagas para todos.

“Para a gente ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano, nós tivemos uma ociosidade de 58% das bolsas ofertadas e, no segundo semestre, de 64%. Então, do total de bolsas ofertadas no programa, nós tínhamos essa ociosidade, que agora possivelmente vai ampliar bastante o leque para que outros jovens, com a mesma situação daqueles que são egressos da educação pública, possam também ter acesso à educação superior”, defendeu Sólon Caldas, presidente da associação.

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