Descrição de chapéu Governo Tarcísio

Gestão Tarcísio põe Prova São Paulo no ar antes da data, e professores relatam pressão

Mensagens indicam que escolas podem ter repassado testes aos alunos para melhorar desempenho; OUTRO LADO: secretaria diz que acesso foi só para professores e sem gabarito

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São Paulo

A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) disponibilizou na última sexta-feira (5) nas plataformas digitais de ensino os testes da Prova São Paulo cujo início da aplicação estava marcado para esta segunda (8).

As provas acabaram sendo divulgadas, ainda no fim de semana, por professores e diretores a alunos, a fim de prepará-los para a avaliação estadual, que visa medir o desempenho dos estudantes a cada bimestre. Em nota, a Secretaria de Educação confirmou que a prova foi disponibilizada antecipadamente "apenas para os professores da rede e sem acesso ao gabarito".

Estudantes sentados em carteiras preenchem questões de prova
Estudantes do ensino médio realizam a Prova São Paulo de 2022, quando a avaliação era impressa - Divulgação

A Prova São Paulo é uma avaliação padronizada da rede, e seu resultado não vale como nota. O objetivo é identificar ao longo do ano escolas ou regiões em que a aprendizagem está abaixo do esperado.

Com receio de serem alvo de interferências ou cobranças, alguns diretores orientaram os professores a enviar as provas com antecedência para os alunos. Assim, eles evitariam ter resultados baixos.

A Folha teve acesso a mensagens em que os diretores orientavam, por exemplo, que as questões das provas fossem trabalhadas com os alunos antes da aplicação.

Questionada, a secretaria nega que a antecipação da prova possa interferir nos resultados obtidos. "Os resultados são usados para que o professor possa enxergar o nível de aprendizagem de cada estudante e traçar estratégias de recuperação, se necessárias."

Também diz que as alternativas da prova são alteradas a cada acesso, o que impediria o uso de gabarito, por exemplo. "Sempre que a prova é acessada por um aluno, as questões e alternativas são apresentadas de forma aleatória. Mesmo assim, a secretaria monitora casos excepcionais de acertos muito discrepantes, que podem levantar a suspeita de cola", disse em nota.

Professores relataram à reportagem ter questionamentos sobre a função da avaliação, diante da antecipação das questões e da pressão por bons resultados dos alunos.

"Que diagnóstico vai ser produzido dessa forma? Os alunos vão acertar tudo. Vai melhorar brutalmente o resultado. Porque, tirando aquelas escolas em que os estudantes boicotam, os demais vão ter tido acesso às questões da prova e isso vai melhorar artificialmente o desempenho", diz Fernando Cássio, professor da Faculdade de Educação da USP.

Desde que o início do governo Tarcísio, o secretário da Educação, Renato Feder, implementou um pacote de digitalização do ensino nas escolas paulistas. Nesse contexto, a Prova São Paulo passou a ser feita de forma digital.

Para acessá-la, os alunos e professores precisam fazer login e entrar no Centro de Mídias de São Paulo, onde encontram as provas que foram liberadas.

Até então, esse tipo de avaliação eram feitas pelos alunos no papel, como é o caso do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo). As escolas recebiam os malotes fechados com os testes e só podiam abri-los na hora da aplicação.

Segundo o cronograma da própria secretaria, nesta segunda e nesta terça (9) a Prova São Paulo será aplicada para os estudantes 5º e 9º ano do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio. No primeiro dia, eles deveriam realizar as questões de língua portuguesa, geografia e história. No segundo, de matemática e ciências da natureza.

No entanto, já nesta segunda-feira, alunos tiveram acesso às provas dos dois dias.

Essa não é a primeira vez que uma avaliação feita pela gestão Tarcísio sofre vazamento. Em dezembro, o tema da redação do Provão Paulista, vestibular seriado para alunos de escola pública, vazou um dia antes da aplicação.

Em janeiro, o secretário Renato Feder confirmou que houve vazamento e erro na distribuição das provas, mas negou prejuízo aos candidatos.

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