Por g1 SP — São Paulo


Fuvest divulga lista de aprovados na 1ª fase — Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Os candidatos a uma vaga na Universidade de São Paulo (USP) fizeram nesta segunda-feira (18) pelo segundo dia de provas da segunda fase da Fuvest. Foram aplicadas questões de duas a quatro disciplinas, dependendo do curso escolhido pelo candidato.

Pela primeira vez na história, a segunda fase acontece no mês de dezembro. Nos anos anteriores, acontecia no mês de janeiro.

O diretor do Curso Anglo, Sérgio Paganim, avaliou a prova disciplina a disciplina:

  • Em história, uma prova de nível médio, bem elaborada, com predomínio de história geral. A prova traz uma abordagem bastante tradicional, mas com muitas imagens importantes para resolução das questões. A questão mais exigente, que merece destaque da prova, flerta com a interdiscursividade, porque mistura história e inglês: a capa de um disco de um cantor nigeriano, que estava em inglês, e pede para relacionar essa capa ao processo de descolonização e independência da África, o que faz ser essa questão a mais interessante da prova.
  • Em geografia, uma prova de nível médio para difícil, cobrando, primeiro, destaque para os dados do último Censo de IBGE de 2022, então uma questão sobre povos tradicionais e uma outra sobre transição demográfica. Também caiu o Brics, a única pergunta de geografia geral, e um grupo de questões bastante curioso, antropoceno, exploração mineral em Nauru e alargamento da faixa de areia em Camboriú, são três questões que tratam da relação predatória do ser humano com a natureza.
  • Em matemática, uma prova de nível médio para difícil, a banca cobrou temas clássicos como probabilidade, função de primeiro e segundo grau, exponenciais, geometria analítica especial, mas chama a atenção o enunciado da questão um, que vai oferecer dificuldade para o candidato entender o que a banca espera nessa questão, e isso vai torná-la a mais difícil da prova, não pelo conteúdo, mas pela forma como a banca abordou.
  • Em física, prova de nível médio para alto, uma prova maiúscula, com contextos muito bem construídos, ligados ao cotidiano, à física moderna, fenômenos atmosféricos, derretimento de calotas de gelo. Uma prova que exige leitura atenta e que o candidato saiba bastante física, faça muita conta. Cobrou calorimetria, ondas estacionárias e instrumentos musicais e primeira lei da termodinâmica. Já as questões cinco e seis são as mais sofisticadas, aquelas específicas para carreiras de Exatas. A cinco cita Oppenheimer para falar sobre física moderna, e é a questão mais trabalhosa da prova. E a seis cobra eletromagnetismo no fenômeno da aurora boreal com física moderna.
  • Já em química, uma prova de nível médio para difícil, ampla em termos de conteúdo, porque em uma mesma questão cobra diversos assuntos. Uma prova bem balanceada em se tratando de teoria e de cálculo. Mas chama a atenção a questão três, porque faltou o ‘note e adote’, ou seja, em outros termos, faltaram dados para a questão. Isso não inviabiliza a resolução, mas o candidato vai precisar fazer aproximações para realizar essa questão. Isso faz dela a questão mais difícil dessa prova.
  • Já a biologia, a prova de nível médio, com bastante interpretação de gráfico e um destaque. Das seis questões, três o candidato tem que construir o gráfico. Para os candidatos que fazem as primeiras quatro questões, havia uma questão de ecologia, uma de evolução, uma de fisiologia humana, parasitose, e uma com itens muito diversificados. Zoologia, genética e biologia celular, ou seja, uma prova muito bem distribuída em vários assuntos. Para os alunos que fazem as seis questões de biologia, além desses temas, três questões são de ecologia.

A prova no geral teve nível de dificuldade de médio para alto, segundo avaliação de Wander Azanha, diretor pedagógico do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante.

"No geral do segundo dia, uma prova de nível médio para difícil, com muitos gráficos e tabelas, não só para serem lidos, como para serem elaborado pelos alunos. Exceto matemática, que foi considerada um pouco mais difícil. Alguns temas faltaram em todas as disciplinas, mas não tem como abarcar tudo em apenas seis questões de cada disciplina. Uma prova muito bem feita pela Fuvest."

A professora Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora Pedagógica do Objetivo, também analisou o segundo dia de provas:

  • "O aluno teve uma prova inovadora de biologia, muito bem elaborada, exigiu o conhecimento e o domínio de gráficos, interpretação de dados, análise de dados e uma formação ampla desse vestibulando;
  • Física foi uma prova criativa, uma prova conteudista, como é tradição na Fuvest. Conseguiu discriminar bem o aluno preparado;
  • A prova de química foi padrão Fuvest, onde nós temos a exigência de um raciocínio químico, um conhecimento químico, mas questões muito bem elaboradas, uma prova inteligente, onde, realmente, se avaliou a formação desses alunos para a universidade;
  • Na prova de matemática vamos ter uma prova tradicional, uma prova onde a banca realmente se preocupou com o conteúdo desses alunos, a capacidade de raciocinarem;
  • A prova de história, foi atualíssima, com nível muito alto, mas que o aluno preparado se sentiu valorizado. Isto é uma tônica na prova da Fuvest. Temas muito atuais, com muitas imagens, e, por exemplo, a capa do álbum de um compositor nigeriano, do pan-africanismo, a manifestação de uma guerra do Vietnã também, a diferença de efeitos sociais da bomba de Hiroshima e o vulcão de Vesúvio em Pompeia. Bem interessante a prova;
  • A prova de geografia foi muito atual. Você tem desde uma questão de quilombola, que foi a primeira vez que o Censo brasileiro faz a avaliação dos quilombolas no Brasil, uma outra questão também do Censo falando sobre o crescimento da população brasileira, sobre Nauru, uma ilha com problemas ambientais, com problemas graves.

Felipe Mello, professor de história do Curso e Colégio Oficina do Estudante, disse que as questões da disciplina tiveram nível médio de dificuldade.

"As questões da Unicamp, nitidamente, estavam mais difíceis, já que cobrou conteúdos um pouco mais complexos. Enquanto a prova da Fuvest trouxe escravidão, período medieval, a guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis e, também, Proclamação da República. Assuntos mais clássicos e trabalhados em sala de aula que o aluno que estudou e tinha esse repertório, faria sem problema algum.”

“Temáticas ausentes, nesta prova, foram: a participação das mulheres, assim como questões que tratassem sobre indígenas.”

O professor de geografia do Curso e Colégio Oficina do Estudante, Sebastian Fuentes, considerou a prova com nível de dificuldade de médio para difícil, bem atual e contextualizada, embora tenha faltado "alguma questão sobre conflitos". "Foram cobrados conceitos e temas bem atuais, como a expansão dos Brics e alguns resultados do Censo de 2022. Ao mesmo tempo, cobrou sobre questões demográficas atuais, mas não deixou de cobrar, como é clássico da Fuvest, geografia física."

E completou: "Uma parte interessante é que geografia física foi muito bem contextualizada, usando exemplos, no caso de Balneário Camboriú, em SC , da expansão da praia, e, também, da exploração mineral".

Já a prova de matemática estava difícil, segundo Mário Fernandes, professor de Matemática do Curso e Colégio Oficina do Estudante. "Foram abordadas temáticas, como funções, geometria analítica, geometria espacial, probabilidade e aritmética. E sentimos falta de temas que costumam cair e, desta vez, não apareceram: geometria plana, análise combinatória e sequências".

Química foi "típica Fuvest", observou Marcos César Formis, professor do Curso e Colégio Oficina do Estudante. "Bastante conceitual e com valorização da capacidade de interpretação gráfica, tabela e textual, ou seja, a capacidade analítica do aluno, além de ter sido bem elaborada. Uma prova onde o aluno precisou usar, em vários exercícios, a matemática como ferramenta, como nas questões sobre Estequiometria e soluções. E, também, um tema, em particular, apareceu em várias questões, o Equilíbrio Químico. Sentimos falta de alguns temas, como: Termoquímica, Eletroquímica e Química Geral."

Biologia foi muito "restrita", diz André Bourg, professor da disciplina no Curso e Colégio Oficina do Estudante. "Por ter apenas seis questões, foi muito restrita: tivemos três mais focadas em Ecologia. Praticamente, a diversidade da prova foi muito fechada em Ecologia, Evolução e um 'cheirinho', uma pequena parcela de Zoologia. Nenhuma questão foi muito complexa e vale destacar um ponto: apareceram muitos gráficos, tanto para analisar quanto para reproduzir."

Primeiro dia da segunda fase

No domingo (17) os candidatos fizeram redação e responderam questões de português. O tema da redação foi "Educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão", e a prova foi considerada "clássica" por professores de cursinhos ouvidos pelo g1.

No primeiro dia da segunda fase, o índice de abstenção foi de 6,1%. Entre os 30.788 candidatos convocados para esta etapa, 1.877 não compareceram. Na edição anterior, a abstenção do primeiro dia foi de 7,2%.

Neste ano, a USP oferece 8.147 vagas distribuídas entre ampla concorrência, egressos de escola pública e pessoas que estudaram em escolas públicas e se declaram pretas, pardas e indígenas.

📍 As provas serão realizadas em 31 cidades da região metropolitana, no litoral e no interior de São Paulo. Os portões serão abertos ao meio-dia e fechados às 13h, quando terá início o exame.

Fuvest 2024 DOMINGO (19) - Ribeirão Preto (SP): Candidatos se concentram na sombra das árvores para tentar fugir do calor em Ribeirão — Foto: Érico Andrade/g1

Sobre as vagas 📚

O número de candidatos inscritos no vestibular 2024 da Universidade de São Paulo totalizou 110.399, considerando-se candidatos e treineiros. Os treineiros são estudantes que ainda não concluíram o ensino médio, mas que prestam a prova para testar seus conhecimentos.

Neste ano, são 10.826 treineiros e 99.573 candidatos.

No ano passado, o número total de inscritos no vestibular foi de 114.434. E, assim como no último ano, os cursos mais concorridos serão Medicina, Psicologia e Relações Internacionais.

Em número de inscritos totais para as carreiras, Medicina em São Paulo lidera o ranking, com 15.063 candidatos, seguido de Medicina em Ribeirão Preto com 6.324. Em terceiro lugar fica com Medicina em Bauru, com 3.362.

Na relação de candidatos por vaga, a carreira de medicina em São Paulo segue em primeiro lugar, com índice 117.7, seguida de medicina em Ribeirão Preto, com 86.6 candidatos por vaga, e medicina em Bauru, com 78,2.

Em 2022 começou a valer o sistema chamado de Enem-USP, que passará a realizar a seleção das vagas antes destinadas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com isso, a USP deixará de oferecer vagas no sistema do Ministério da Educação.

Veja os 10 cursos mais concorridos da Fuvest 2024 🤩

  1. Medicina em São Paulo: 118 candidatos por vaga;
  2. Medicina em Ribeirão Preto: 87 candidatos por vaga;
  3. Medicina em Bauru: 78 candidatos por vaga;
  4. Psicologia em São Paulo: 63 candidatos por vaga;
  5. Relações Internacionais: 52 candidatos por vaga;
  6. Psicologia em Ribeirão Preto: 38 candidatos por vaga;
  7. Audiovisual: 38 candidatos por vaga;
  8. Medicina Veterinária em São Paulo: 30 candidatos por vaga;
  9. Publicidade e Propaganda: 30 candidatos por vaga;
  10. Design: 30 candidatos por vaga.

Calendário 📆

  • Para os candidatos às carreiras de Música, Artes Visuais e Artes Cênicas, o vestibular não acaba aqui: ainda há as provas de competências específicas. Cada curso tem um calendário próprio: Música em Ribeirão Preto tem provas de 3 a 6 de janeiro; Artes Visuais no dia 4 de janeiro; e Artes Cênicas de 8 a 11 de janeiro.
  • Divulgação da primeira lista de chamada para matrícula: 22 de janeiro de 2023.

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