Prêmio Faz Diferença Boas ações na pandemia

Fundações criam conteúdo audiovisual grátis para escolas públicas durante a pandemia

'Vamos aprender' busca auxiliar redes no ensino remoto e já chega a 16 milhões de alunos
Arthur e Davi utilizam a plataforma diariamente Foto: Divulgação
Arthur e Davi utilizam a plataforma diariamente Foto: Divulgação

RIO Os irmãos Arthur e Davi, de 6 anos, ainda não eram alfabetizados quando as aulas presenciais foram interrompidas devido à pandemia do novo coronavírus. Passados cerca de seis meses, os dois alunos da Escola Municipal Luiz Biela de Souza, em Jundiaí, no estado de  São Paulo, agora já conseguem ler e escrever.

Ao contrário do que aconteceu com boa parte dos estudantes brasileiros, Arthur e Davi conseguiram obter um ganho significativo de aprendizagem nesse período. Segundo a mãe dos meninos, Sarah Carra, a resposta positiva veio a partir de dois fatores: o empenho da professora e a utilização de um conteúdo audiovisual que despertou o interesse dos filhos pelo estudo.

A prefeitura de Jundiaí foi um dos 42 municípios que aderiu ao programa "Vamos aprender", que oferece conteúdos educativos gratuitos pela televisão, internet e por um aplicativo. O projeto  reúne programas audivisuais para todas as etapas da educação básica, do ensino infantil ao médio. Até o momento, cerca de 16 milhões de estudantes já acessaram as matérias.

A prefeitura de Jundiaí foi um dos 42 municípios que aderiu ao programa
A prefeitura de Jundiaí foi um dos 42 municípios que aderiu ao programa "Vamos aprender", que oferece conteúdos educativos gratuitos pela televisão, pela internet e por um aplicativo. O projeto  reúne uma curadoria de programas audiovisuais para todas as etapas da educação básica, do ensino infantil ao médio durante a pandemia.

A proposta foi uma iniciativa da Fundação Lemann em parceria com a Fundação Roberto Marinho, com participação da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e apoio do Cieb e da Unesco.

Eles entraram no primeiro ano sem ler e escrever nada. Com a ajuda da professora, o envio de atividades semanais e as atividades do programa, se divertiram e se interessaram mais. Eu achei que eles iam ter que repetir o primeiro ano, mas eles aprenderam a ler e escrever na pandemia. Tento sempre criar uma rotina de estudos com eles. Além disso, agora que sabem ler têm mais autonomia para mexer na plataforma on-line disponibilizada pela prefeitura — conta Sarah.

Curadoria de 320 programas

O "Vamos aprender" inclui uma curadoria de 320 programas que levam em considação a Base Nacional Comum Curricular. Os programas são exibidos em parcerias das redes com emissoras de TV, e disponibilizados também na internet. A programação prevê exibições nos três turnos do dia: manhã, tarde e noite. O ensino médio tem o tempo mais longo de programação com 120 minutos diários de aulas. As outras etapas têm 30 minutos.

A iniciativa compilou conteúdos pedagógicos já existentes e acrescentou a eles uma apresentação feita por um professor, que introduz o tema a ser trabalhado. Os conteúdos estavam dispersos em plataformas como o Canal Futura, a Khan Academy e o MultiRio, que disponibilizaram esse material gratuitamente.

— Observamos muitas redes de educação estadual e municipal partindo para uma estratégia de produção de vídeos para TV, uma vez que muitos alunos não têm acesso à internet. Então, pensamos o quão difícil é produzir conteúdo para TV,  vimos as redes sofrendo no processo e pensamos em alavancar isso com conteúdos que já existem e a gente sabe que são de qualidade. Organizamos tudo de acordo com habilidades e competências essenciais previstas pela BNCC — explica Lucas Rocha, gerente de inovação da Fundação Lemann.

Reforço escolar

Uma pesquisa feita pela Undime com 4.472 municípios do país (77% do total) mostrou que 96% das redes analisadas estão oferecendo ensino remoto para os alunos. Depois do material impresso, videoaulas gravas são a ferramenta mais utilizada.

A iniciativa foi tão bem recebida entre as redes participantes que pode ser adaptada para utilização pós-pandemia a fim de atender a uma outra demanda: reforço escolar.

— A redes falam muito bem da qualidade técnica do conteúdo e querem mais — diz Rocha. — A gente tem recebido pedidos de muitas redes para pensar no formato focado no reforço escolar. Em algum momento as aulas vão voltar para o regime presencial ou semipresencial. Então, estamos repensando o formato do projeito para atender essa demanda também.