PerifaConnection

PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias. Feita por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento

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Filmar para mudar: formando lideranças jovens por meio do audiovisual e da tecnologia

No último sábado (4), cem jovens celebraram a conclusão do curso do Favela.LAB

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Daniel Calarco

Idealizador do Favela.LAB e presidente do OIJ

Thayná Ivo

Idealizadora do Favela.LAB e diretora da Groselha Produções

Salvino Oliveira

É morador da Cidade de Deus, integrante do PerifaConnection, gestor público e o atual Secretário de Juventude do Rio de Janeiro

No último sábado (4), no Museu do Amanhã, cem jovens de favelas e periferias de todo o estado do Rio de Janeiro celebraram a conclusão do Favela.LAB, curso que combina audiovisual, tecnologia e liderança.

Idealizado pelo Observatório Internacional da Juventude, o programa visa democratizar o debate da Agenda 2030 dando suporte e apoio para lideranças comunitárias, de 18 a 29 anos, desenvolverem suas periferias e comunidades, criando realidades mais justas e pacíficas.

Com aulas de roteiro e edição a capacitações sobre democracia, mobilização social e políticas públicas, os participantes podem potencializar a voz de aproximadamente 4 milhões de jovens no Estado do Rio que desempenham um papel central na transformação de suas comunidades.

Dezenove curtas foram produzidos de agosto a novembro, denunciando e propondo respostas para as violações de direitos, como a violência urbana, o acesso à educação, a falta de trabalho e de renda, além da exclusão digital.

Turmas do Favela.LAB 2021 recebem certificados em evento no Museu do Amanhã - Davi Barcelos

Não há a possibilidade de existir novas realidades que não sejam centradas nas perspectivas de quem vivencia os problemas e os territórios no dia a dia. Precisamos de mais juventudes com suporte, financiamento e apoio para participar da esfera do debate, proposição e ação do nível local ao internacional.

Os jovens das favelas consomem mais do que produzem narrativas nas redes, apesar de terem potencial para criar suas trajetórias. Com base nisso, o Favela.LAB é uma iniciativa que visa enfrentar e transformar essa realidade, movido pela urgência de trazer jovens periféricos, especialmente jovens negros, mulheres e LGBTQIA +, ao papel de criadores de conteúdo e narradores de suas realidades, por meio do audiovisual e tecnologia digital.

Ao combater o estigma e promover o engajamento cívico, jovens exibindo rostos, cores e sons da favela no Museu do Amanhã e no Museu de Arte Contemporânea são resistência, ativismo e afronta a uma realidade de exclusão e de violência. Ainda mais durante a pandemia de Covid -19, que teve como um dos impactos indiretos o aumento da violência contra favelas e periferias.

Em abril de 2020, ocorreram 27,9% mais operações policiais e 57,9% mais homicídios cometidos pela polícia em comparação com o mesmo período de 2019, segundo levantamento da Conectas. Em junho, o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar proibindo operações policiais em favelas durante a pandemia. Sem poder se acolher fisicamente para resistir, estar online nunca foi tão importante.

Com medidas de distanciamento social e quarentena, o uso de redes sociais tornou-se central para os jovens. Protestos, campanhas de doação, conscientização da Covid-19 e apoio comunitário aconteceram na internet. E dessa potência do celular na palma da mão de jovens é que compreendemos a favela enquanto um LAB, um laboratório de incidência política e social.

Aprendendo com a atuação do PerifaConnection e potencializado pelo apoio da Secretaria de Juventude do Rio, do Consulado da Alemanha e da Fundação Ford, criamos um espaço propício para a troca e o diálogo entre jovens, poder público e sociedade.

Em um momento no qual cerca de 20% da população de 15 a 29 anos, na cidade do Rio, não estuda nem trabalha, é importante criar caminhos. Ao contribuir para trazer jovens periféricos ao papel de criadores de conteúdo e narradores de suas realidades, produtores de obras audiovisuais que desafiem a narrativa sobre o que é ser um jovem de favela, não apenas combatemos estereótipos, estigmas e preconceitos, mas também qualificamos e geramos oportunidades de inserção no mercado de trabalho.

A economia criativa, enquanto área efervescente do setor cultural, possibilita o jovem a acessar um mercado que, em termos de PIB, movimenta cerca de R$ 24,8 bilhões só no Rio.

Aumentar o engajamento cívico e social dos jovens em suas comunidades e democratizar o debate sobre sustentabilidade e desenvolvimento centrados nos valores da Agenda 2030 é investir no futuro que queremos para a nossa cidade, Estado e país e no papel que nós teremos nele.

Quando a favela se vê na tela, contando suas dores e alegrias, pelos olhos e mãos da sua juventude, só reforça que a arte é uma das ferramentas mais poderosas para promover e fortalecer a democracia e os direitos humanos nas favelas.

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