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Febre lá fora, hand spinners teriam efeito terapêutico e viram moda em escolas do Rio

Já houve a época do tamagotchi, do beyblade, do skate de dedo e, mais recentemente, do Pokemon Go. Desta vez, a nova moda entre crianças e adolescentes é o fidget ou hand spinners, um brinquedo utilizado inicialmente para auxiliar no tratamento de crianças com autismo. Os spinners terias efeitos terapêuticos, como diminuição de ansiedade. Apesar de não ser novidade, só agora se tornou popular nos Estados Unidos e na Europa e vem surgindo por aqui.

Os reais efeitos do objeto, uma roldana com três pontas giratórias que são impulsionadas com os dedos, geram polêmica: ajudam ou atrapalham? Para o psicólogo Oswaldo Rodrigues Junior, os spinners têm, sim, efeito calmante e ajudam na concentração daqueles com mais dificuldade. Mas ele faz ressalvas:

— Pode apaziguar ansiedades para determinados grupos, mas não serve a todos. É exagero que sirva para tratar sintomas, como atividade terapêutica em si. Objetos com mesmo apelo, como bolinhas para se apertar na mão, já foram moda e não serviram para superar a questão — observa.

Para combater a ansiedade, ele diz, não será um brinquedo que desvia a atenção da situação que solucionará o comportamento. É preciso um projeto amplo que conduza ao aprendizado de novas formas de administrar o problema.

No Reino Unido e nos EUA, algumas escolas já proibiram o brinquedo, criado por Catherine Hettinger no início dos anos 1990, em ambiente escolar por desviarem o foco do aluno. Para a psicóloga Paula Emerick, o objeto poderia ser “liberado” para quem tira benefícios dele, como autistas e crianças com TDAH.

— Apesar de ser um amenizador de ansiedade, também é um passatempo, objeto de distração que dificulta atenção na aula. Para quem não precisa do recurso, tem efeito contrário — ressalta a fundadora da Solace Institute.

Para evitar desequilíbrios, a especialista aconselha que pais monitorem o uso e coloquem limite, se for necessário.

A pequena peça é vendida na internet por cerca de R$ 20.

Cuidado com os pequenos

A brincadeira é ficar girando e girando o objeto enquanto o tempo passa. Mas, para os pequenos, a peça colorida seria uma atração particular. É preciso cuidado e acompanhar o uso para que não coloquem na boca, podendo causar sufocamento. Não é recomendado para menores de 3 anos.

— Se engolir ou pôr no ouvido, tem que ir ao pronto socorro para evitar complicações mais sérias — alerta a pediatra do Hospital Municipal Evandro Freire Patricia Haddad.

‘Vão para cima e para baixo com aquilo’

O empresário Guilherme Werneck é pai da Manuela, Maria e Carolina, que aderiram a nova moda e até passaram a fabricar o brinquedo em casa.

— Elas estão nessa febre. Vão para cima e para baixo com aquilo na mão. É um “ocupador de mão”, mais do que antiestresse. Elas fizeram os spinners delas em casa, com ajuda de uma impressora 3D e estão vendendo para os amigos da escola, com cores e rolamentos diferentes — conta ele.