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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Favela precisa de informação para formar opinião própria, diz presidente do G10 Favelas sobre parceria com Brasil Paralelo

Moradores ganharão acesso a filmes da produtora conservadora, apontada por críticos como revisionista e negacionista

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Presidente do G10 Favelas, grupo que reúne as 10 maiores comunidades do país, Gilson Rodrigues diz que a parceria com a Brasil Paralelo tem como objetivo subsidiar os moradores de favelas com todo tipo de conteúdo para que possam formar suas próprias opiniões, sejam elas convergentes ou divergentes em relação ao que a produtora de vídeos conservadora apresenta na sua filmografia.

A BP é alvo de críticas de especialistas que veem revisionismo e negacionismo em suas produções. O golpe militar de 1964, por exemplo, é apresentado como uma reação a uma suposta ameaça comunista do governo de João Goulart em seu filme “1964: o Brasil entre Armas e Livros”, argumento que não tem respaldo em pesquisas acadêmicas.

O G10 oferecerá 500 bolsas aos moradores que tiverem interesse em acessar o conteúdo produzido pela BP e exibirá filmes da produtora em seu cineclube, que tem cerca de 10 anos e frequência semanal.

Segundo Rodrigues, conhecido como “prefeito de Paraisópolis”, cerca de 150 pessoas costumam comparecer para assistir a filmes que eles avaliam que podem ter pontos de contato com a vida nas favelas —ele cita "A Revolução Não Será Televisionada" (2003) e "O Resgate do Soldado Ryan" (1999).

Em suas redes sociais, a produtora escreveu que os selecionados pelo G10 terão acesso ao BP Select, novo serviço de streaming de filmes da produtora, cujo conteúdo “conta com obras da Sony Pictures e de outros estúdios, além de conteúdos infantis”. Os filmes da BP também estão na plataforma.

Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas
Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas - Caio Caciporé Ferreira-4.dez.2020

“Além do catálogo de filmes, também será liberado aos bolsistas o acesso ao plano ‘Escola da Família’, com conteúdos voltados para educação familiar. As aulas incluem o preparo para vida familiar desde o matrimônio à educação dos filhos, para ajudá-los em cada fase de desenvolvimento e nos desafios da convivência em família”, diz o texto da Brasil Paralelo.

“Essa briga de negacionismo, direita, esquerda, não nos interessa. Nos interessa acabar com a fome. Nos interessa formar pessoas da favela capazes de discutir tudo o que aconteceu na história do Brasil e do mundo”, afirma Gilson Rodrigues, que diz se inspirar em Nelson Mandela, Mahatma Gandhi e Juscelino Kubitschek.

“A gente quer, como grande massa de favela, formar a nossa opinião de forma livre. A gente quer acesso a todo tipo de conteúdo para poder construir a nossa própria história”, completa.

O G10 Favelas teve protagonismo na mitigação dos efeitos da pandemia nas comunidades, defendendo distanciamento social e uso de máscaras, medidas criticadas pela BP em vídeos.

“Fiz o contrário na prática. Organizei a comunidade. Não sou negacionista, sou a favor da vacina. Mas gostaria de ter acesso a todo tipo de informação. Temos que ter acesso a todo tipo de conteúdo. Quero tudo, pra formar nossa própria opinião e deixar de ser rebanho, de ser gado ”, afirma o líder comunitário.

“O Brasil está muito polarizado. Muita gente pensando em 2022 e esquecendo da realidade. A realidade é a fome. Ontem caiu um monte de barracos em Paraisópolis. Nunca vi [Jair] Bolsonaro na minha vida. Faz tempo que não vejo o Lula. Enquanto essa situação de Covid acontece aqui os políticos estão fechando os olhos”, completa.

Parte da equipe da produtora de vídeos Brasil Paralelo, em São Paulo, que faz filmes e documentários de viés conservador
Parte da equipe da produtora de vídeos Brasil Paralelo, em São Paulo, que faz filmes e documentários de viés conservador - Divulgação

Gilson Rodrigues diz que o primeiro evento já aconteceu na semana passada, quando foi exibido um documentário da Brasil Paralelo, seguido de debate com membros da produtora na sede do G10 Favelas.

“Tem que parar com essa bobagem de chamar de negacionista ou bolsonarista se você faz uma parceria para divulgar conteúdo. Não estou comendo nada por conta de Bolsonaro ou de Lula. A gente está se afundando por causa dos dois. E a tendência é piorar”, diz Rodrigues.

“O G10 quer participar da solução, não apontar culpados. A maioria das pessoas que falam geralmente não ajuda”, acrescenta. Ele diz que o grupo está aberto a fazer parcerias e a receber conteúdos de quem tiver interesse em contribuir.

“Quem tiver filmes melhores, a gente quer. Filmes ruins também. A gente quer tudo. A gente quer ter acesso a tudo para se informar”, finaliza.

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