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Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

Opinião|Fatores de crescimento: Educação

Para a economia, qualificar a mão de obra é a garantia de que o crescimento será sustentável

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Foto do author Luiz Carlos Trabuco Cappi
Atualização:

Todo e qualquer projeto de crescimento econômico com redução da desigualdade social começa pela educação. Esse é um ativo transformador para as pessoas e para o País, por possibilitar a ampliação das oportunidades de trabalho, abrir portas ao empreendedorismo e dinamizar os fatores de impacto no PIB.

Educação é o passaporte para a mobilidade social Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Investir em educação nunca é demais. Estudos sobre a relação entre educação e crescimento renderam a Theodore Schultz o prêmio Nobel de Economia em 1979 e a Gary Becker, em 1992. Eles mostraram como o progresso de um país se sustenta no investimento em pessoas.

Quanto mais alto o nível educacional, maior é a renda e menor a exclusão. Se usarmos como base a porcentagem na população de adultos que completaram o segundo grau, veremos que a Finlândia tem 77,5%, uma renda per capita de US$ 47,7 mil e um índice de Gini de concentração de renda de 27,7. Já o Brasil alcança, respectivamente, 47,4%, US$ 8,3 mil e 48,9, enquanto Honduras exibe 29,9%, US$ 2,3 mil e 48,2. Vários fatores explicam essas disparidades, mas a universalização e a qualidade do ensino são seu centro de gravidade.

Dados empíricos acrescentam que também o crescimento de longo prazo se viabiliza em conexão com o nível educacional. A produtividade da economia aumenta à medida que o capital humano se torna mais competitivo ao acumular conhecimentos. Com a globalização e o desenvolvimento tecnológico, crescem os desafios sobrepostos na economia e na carreira pessoal. E a capacidade de superar os ciclos que se alternam é determinada pela absorção de novas ideias e modelos.

Os dados do IBGE são centrais. A remuneração média de quem tem o ensino fundamental completo é 48% maior em relação aos que não têm instrução. Quem acaba o ensino médio, aumenta sua renda em mais 17%. Os que detêm o superior completo, sobem 203% na mesma escala. Uma progressão espetacular.

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Quanto ao desempenho, entre 2000 e 2019 o Brasil perdeu 20 posições no Programa Internacional de Avaliação de Aluno (Pisa), que julga a performance dos estudantes em leitura, matemática e ciências. Entre 70 países, descemos da 37.ª para a 57.ª posição. Não são dados aceitáveis.

A educação é instrumento de mobilidade social para o indivíduo, redução da violência e fortalecimento da democracia. Para a economia, qualificar a mão de obra é a garantia de que o crescimento será sustentável. O Brasil tem várias tarefas a realizar, mas a principal delas é saber escolher prioridades. Não é coincidência que vários países que se tornaram ricos num período curto de tempo optaram por investir obsessivamente em melhorar a educação do seu povo.

Opinião por Luiz Carlos Trabuco Cappi

Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

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