Antes da pandemia, a parcela de estudantes adolescentes impedidos de ir às aulas por alguma questão envolvendo falta de segurança mais que dobrou entre 2009 e 2019 – principalmente entre estudantes de ensino público e meninas. O alerta é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao anunciar hoje a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): Análise de indicadores comparáveis dos escolares do 9º ano do ensino fundamental - Municípios das Capitais - 2009/2019.
O levantamento abrange alunos principalmente entre 13 anos e 17 anos, no 9º ano do ensino fundamental: um total de 159.245 estudantes de 4.242 escolas. Na pesquisa, o percentual dos que não compareceram à escola por falta de segurança no caminho de casa para escola; ou da escola para casa; ou na própria escola, em 30 dias anteriores à coleta de dados sobre o tema pelo IBGE, era de 8,6% em 2009 – e saltou para 17,3% em 2019.
“Esse dado apresentou um crescimento em dez anos”, resumiu o pesquisador Marco Antonio Andreazzi, gerente da pesquisa do instituto.
Os estudantes da rede pública contam com maior fatia entre os que sofrem com problema da violência como impedimento de frequentar as aulas, informou ainda o instituto. Isso porque há uma diferença nos percentuais quando as respostas dos estudantes são separadas entre rede pública e rede privada.
Na rede privada, entre 2009 e 2019, a fatia dos estudantes nessa situação de insegurança como impedimento de frequentar as aulas passou de 5,4% para 12,1% - mas, entre estudantes da rede pública aumentou de 9,4% para 19,3%, no mesmo período. Ou seja: mais de sete pontos percentuais acima do observado em 2019 na fatia de alunos de ensino privado, com o mesmo problema.
A parcela de alunas que enfrenta esse problema também é maior do que a de alunos do sexo masculino, detalhou ainda o IBGE. Entre estudantes homens, a fatia dos que não foram às aulas por questões de insegurança subiu de 9,3% para 14,4% entre 2009 e 2019 - mas a de meninas avançou mais, e passou de 7,9% para 20%, no mesmo período.
O IBGE também apurou recorte regional para esse dado. “Rio e Belém foram as capitais com maior probabilidade de isso acontecer”, afirmou Andreazzi. Em 2019, a parcela dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental no Rio de Janeiro que se encaixaram nessa categoria era de 23,4%, a maior parcela entre as capitais do país – sendo que, em 2009, a capital fluminense mostrava fatia de 8,9% do total de estudantes, nessa faixa de ensino, impedidos de frequentar a escola devido à violência. Já em Belém, em 2019, essa fatia era de 23%, a segunda maior e, em 2009, essa fatia na capital do Pará era de 9,3%.
No estudo, o IBGE também investigou ainda a parcela de jovens, do 9º ano do ensino fundamental, que sofreram agressão física por um adulto da família. Essa fatia subiu de 9,4%, em 2009, para 16,0% em 2015. Já em 2019, houve mudança no quesito, com inclusão de outras classificações de agressores. Naquele ano, 27,5% dos escolares naquela faixa de ensino sofreram alguma agressão física cujo agressor foi o pai, mãe ou responsável e 16,3% dos escolares sofreram agressão por outras pessoas.