Por Carolina Cruz, G1 DF


Escola pública do Distrito Federal — Foto: Mary Leal/Secretaria de Educação

Uma semana após a volta às aulas na rede pública do Distrito Federal, de forma remota, alguns alunos que não têm acesso à internet ainda não tiveram a oportunidade de estudar. Famílias relataram ao G1 que o material impresso está sem previsão de entrega.

Desde que a Secretaria de Educação do DF implementou o ensino remoto, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, estudantes que não podem acessar aulas online têm como alternativa o conteúdo impresso, entregue periodicamente. A orientação em 2021 era para que o material fosse, inclusive, levado até a casa dos estudantes, em esquema delivery (saiba mais abaixo).

Questionada pelo G1, a Secretaria de Educação afirmou que "a primeira semana foi voltada para o acolhimento dos estudantes e preparação de material" e que "a maioria das escolas entregará o material impresso a partir da segunda semana da volta às aulas".

Sem previsão

Mãe de três alunos na rede pública, Giullia Amancio, de 30 anos, conta que foi até a escola no dia 8 de março para pegar as atividades dos filhos em papel, já que a família não tem computador e o único celular é o dela, que trabalha o dia inteiro. No entanto, voltou pra casa de mãos vazias.

"Não deram previsão. Voltei na quinta [11], e nada", afirma.

Os filhos de Júlia estudam nos Centros de Ensino Fundamental (CEF) 4 e 2, no Guará I. A família mora na Estrutural. Segundo Júlia, que trabalha como auxiliar de limpeza e é mãe solo, a escola orientou que ela aguardasse o contato para quando o material estivesse disponível.

Estudante usa caderno para estudar — Foto: Reprodução/RPC

A mesma coisa ocorreu com Francisca das Chagas Silva. A filha dela estuda no Centro de Ensino Fundamental São Bartolomeu, em São Sebastião, no 6º ano.

"Fui lá duas vezes. Chega lá, eles dão um número de telefone que ninguém atende", disse.

'Esquema delivery’

Em entrevista publicada pelo governo do DF, nas vésperas da volta às aulas, o secretário de Educação, Leandro Cruz, afirmou que em 2021 o material impresso continuaria a ser a solução para quem não tem internet.

"Neste ano, como estamos em um período muito difícil da pandemia, onde for preciso, nós orientamos as coordenações regionais e as escolas a contratarem motoboys para entregar o material impresso na casa do estudante. Ele não deve ser chamado presencialmente à escola ou à coordenação regional de ensino para pegar o material", disse o secretário.

Em nota ao G1, a Secretaria de Educação afirmou que, para evitar aglomeração, o material entregue deve servir para no mínimo 15 dias e que "cada unidade deve adotar o modelo que lhe seja mais eficaz, para segurança de todos, e que nenhum estudante seja deixado para trás".

Outro programa para incluir os estudantes no ambiente virtual foi o fornecimento de internet gratuita. Segundo a pasta, o custo anual estimado é de R$ 46,8 milhões.

No entanto, mesmo com o acesso à internet, algumas famílias sofrem com a falta de equipamentos eletrônicos para se conectar, e o material impresso segue como alternativa.

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Aulas presenciais

A discussão sobre os rumos do ensino remoto na rede pública voltou a pautar o Judiciário no início deste ano. Em 1º de março, o Ministério Público do Distrito Federal chegou a solicitar que a Justiça determinasse a volta das aulas presenciais. No entanto, o pedido foi negado.

Na ação, o MPDFT afirmava que a volta deveria ocorrer "de forma escalonada, progressiva e facultativa aos pais e responsáveis, sendo respeitados todos os protocolos de segurança sanitária nos ambientes escolares para impedir a propagação da Covid-19".

Ao negar o pedido, o juiz Renato Scussel, da Vara da Infância e da Juventude (VIJ-DF), citou que "a situação fática ora vivenciada no âmbito do Distrito Federal, no que se refere a tentativa de contenção da contaminação pelo Covid-19 e suas variantes, permite concluir que a situação é grave com ausência de leitos de internação e unidades de terapia intensiva, tanto na rede pública como na privada".

Apesar disso, o magistrado determinou a realização de uma audiência de conciliação sobre o tema. O encontro deve ocorrer no dia 30 de março, às 14h.

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