Edição do dia 31/03/2017

31/03/2017 21h22 - Atualizado em 31/03/2017 21h22

Família de aluna morta a tiros em escola no Rio acusa policiais

Maria Eduarda foi baleada durante confronto entre policiais e traficantes.
Laudo preliminar diz que corpo da menina de 13 anos tem 4 perfurações.

 

Peritos estão tentando esclarecer as circunstâncias da morte de uma estudante de 13 anos durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes. O laudo preliminar indica que ela foi atingida por mais de um tiro.

“Meu bebê, minha caçula, eu fiquei sem. Atleta, estudante, criei dentro da favela, sim, educando e agora eu quero justiça”.

Como confortar a mãe num momento como esse?

Pais idosos e seis filhos do lado de fora do IML.

A filha de número sete está lá dentro.

Ela foi morta na quinta-feira (30), na quadra da Escola Municipal Daniel Piza, em Costa Barros, no subúrbio do Rio.

Fazia aula de educação física quando houve um confronto entre polícia e traficantes na porta da escola.

Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, é o pedaço que ficou faltando no coração dessa família.

“De mim saiu um pedaço da minha vida, sumiu, acabou. Chegaram atirando”, chorou o pai.

O diretor da escola se juntou à família no IML. As aulas só vão ser retomadas daqui a uma semana, um tempo de luto.

“Celebrar a vida da Maria Eduarda, celebrar a vida desses jovens que a gente cuida com tanto afinco, com tanto carinho. A gente está naquela comunidade porque a gente acredita que é possível fazer um trabalho sério e que dê uma perspectiva melhor para aquela garotada. Como a Maria Eduarda tinha”, disse emocionado Luiz Menezes.

Maria Eduarda queria ser jogadora de basquete. Guardava as medalhas que ganhou.

Nesta sexta-feira (31), elas estavam ao lado do casaco furado de bala. Ele é o mesmo que aparece nas últimas fotos da estudante minutos antes da tragédia. Está amarrado na cintura.

A família acusa a polícia e diz que Maria Eduarda não morreu com um único tiro.

“Foi uma execução. Foram quatro perfurações, duas perfurações na nuca dela, mais uma perfuração e a outra perfuração na nádega que está aqui o casaco que não deixa mentir”, disse o irmão Uidison Alves.

O laudo preliminar a que o Jornal Nacional teve acesso confirma. O corpo de Maria Eduarda tem quatro perfurações, típicas de projéteis de arma de fogo. Duas no lado direito do pescoço e dois ferimentos nas nádegas, que podem ter sido causados por uma única bala.

A perícia vai explicar a parte técnica, como Maria Eduarda morreu e de onde partiram os tiros. Difícil vai ser encontrar explicação que conforte o coração da mãe, que achava que a filha estava protegida da violência na escola. Uma menina que só viveu 13 anos.

“Mataram a minha filha, treinando, ela estava treinando, ela morreu de uniforme, minha filha, minha Maria Eduarda, minha caçula foi embora. Linda”.