Por G1 Rio


Estudantes reclamam de queda na qualidade de projeto para formação de alunos bilíngues

Estudantes reclamam de queda na qualidade de projeto para formação de alunos bilíngues

O projeto das Escolas Interculturais, inaugurado em 2014 em cinco escolas estaduais do Rio, está ameaçado por cortes de verbas da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc).

Até 2016, os estudantes tinham aulas em tempo integral das 7h às 17h, e o projeto de formação visava promover um ensino médio que capacitasse alunos para provas de nivelamento e formação em idiomas estrangeiros, como inglês, espanhol, francês, mandarim e turco.

No entanto, uma gratificação paga aos professores de línguas pela Seeduc, que chegava a dobrar os salários dos professores, deixou de ser paga e, assim, os educadores começaram a dar aulas em outras escolas para conseguir aumentar a renda mensal.

Em um Ciep contemplado pelo projeto em Duque de Caxias, a diretora adjunta Isabela de Fátima lamentou o fim das gratificações, que desestimularam os educadores a participar do projeto.

"Nós perdemos a gratificacao, os professores ficaram muito desestimulados, vários saíram da escola e nós não tivemos mais a mobilidade que é um concurso interno do professor para ele vir trabalhar aqui na escola".

Projeto em decadência

Cerca de mil alunos foram atendidos pelo projeto entre 2014 e 2016. Os estudantes Matheus Nascimento, de 17 anos, e Gustavo Fiore, de 18, contaram que não só os professores mudaram, mas a qualidade do ensino também não é a mesma.

"Há uma diferença porque antes havia um filtro dos professores. Eles tinham que fazer uma prova pra entrar. A matéria, a forma que eles ensinavam, a didática era totalmente com ânimo pra fazer aquilo", analisou Matheus.

"Eu conseguia falar com o professor sempre, tava lá com ele, sabe? E agora que o projeto tá morrendo, eu não consigo mais ver na casa, sempre vejo ele em outra escola", lamentou Gustavo.

Os pais de alunos disseram temer o fim do projeto, que foi uma iniciativa do então governador Sérgio Cabral, que visitou as cinco escolas em comemoração ao investimento.

"Minha expectativa era maravilhosa porque se voce vê o programa perfeito, maravilhoso. Quando me deparei com essa situação que as mães do terceiro ano nos passaram eu fiquei chocada. Então como eles estão saindo e nós estamos chegando agora com os filhos, queremos o melhor (...) Nem queira saber como é frustrante. Decepcionante, assim, angustiante. Porque não vejo perspectiva de melhora", disse Lídia Gama, mãe de um aluno.

Outra mãe de um estudante, Andreia Oppenheimer, disse que o governo garantiu que o diploma de ensino médio teria validade no país que tem a língua estrangeira como oficial e no Brasil. No entanto, isso não acontece até hoje.

"Existia uma promessa da secretaria de que o diploma seria simplesmente duplo, ou seja, teria validade aqui no Brasil e validade na Espanha. Até hoje isso não foi conseguido".

Em resposta, a Seeduc negou a queda na qualidade do ensino de idiomas. A secretaria afirmou também que está ampliando o número de alunos atendidos e que os professores nunca foram exclusivos do projeto.

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