Por Bruna Miato, g1


65% dos entrevistados têm renda inferior a R$ 3.084 — Foto: Pexels

As maiores dificuldades encontradas por pessoas negras dentro do mercado de trabalho da tecnologia são a falta de oportunidades combinada à pouca quantidade de vagas disponíveis. O dado é de uma pesquisa realizada em parceria pela comunidade Potências Negras e a Shopper Experience.

A falta de diversidade foi o segundo problema mais relatado pelos profissionais entrevistados, que também se queixam do preconceito vivenciado dentro das empresas do setor. Outra questão importante que afeta as pessoas negras é a dificuldade com outras línguas, principalmente o inglês.

O levantamento mostrou, ainda, que uma a cada 10 pessoas negras não tem interesse em estudar na área de tecnologia. Deste grupo, a maior parte (28%) também pontuou a falta de oportunidades como a principal barreira de entrada.

O preço dos cursos de capacitação foi mencionado por 26% dos entrevistados como o maior empecilho para o ingresso no setor. Outros 15% afirmaram que a principal barreira é a falta de domínio do inglês.

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Sônia Lesse, sócia-diretora na Profissas, uma escola de diversidade e inclusão, afirma que a luta pela equidade não é algo recente, mas ainda está longe de acabar. Por isso, a especialista considera necessário que pessoas e empresas analisem a sub-representação das raças dentro do ambiente de trabalho.

"Nesse sentido, já que o futuro do trabalho está ligado às tecnologias, precisamos trabalhar e lidar com as vulnerabilidades da comunidade negra para que ela tenha acesso a essas áreas como todas as outras pessoas. Dessa forma, é necessário unir esforços da sociedade para discutir esses problemas e traçar estratégias em médio e longo prazo, com medidas que vão resolver, de fato, o abismo da desigualdade racial na educação e nas empresas", pontua.

Perfil das pessoas negras na tecnologia

Entre as pessoas negras que já trabalham no setor de tecnologia, mais da metade dos entrevistados disseram ter, pelo menos, o ensino superior. Do total, 34% têm ensino superior, 27% possuem pós-graduação e 5% têm mestrado ou doutorado. Outros 34% disseram que concluíram o ensino médio.

No entanto, mesmo com o bom nível de educação, os salários são, para a maioria, baixos. Cerca de 65% das pessoas ouvidas pelo levantamento afirmaram ter um salário de até R$ 3.084. Destes, 59% apresentam uma renda individual de até R$ 1.748.

As empresas favoritas

Em relação à pesquisa realizada no ano passado, em 2022 houve uma mudança nas empresas onde as pessoas negras mais almejam trabalhar. Neste ano, companhias do setor financeiro estão entre as mais desejadas daqueles que querem trabalhar na área de tecnologia.

Google foi a empresa mais citada, assim como em 2021. Na sequência, vem Nubank, Itaú, Microsoft e Amazon.

No último ano, Nubank e Itaú não estiveram entre as cinco mais desejadas. Estas empresas entraram no lugar da Ambev e da Apple.

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