Enem e Vestibular
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Por Paula Ferreira; Renata Mariz


Estudantes chegam à Uerj para as provas do Enem em 2021 Ana Branco — Foto:
Estudantes chegam à Uerj para as provas do Enem em 2021 Ana Branco — Foto:

BRASÍLIA— Documentos internos do governo mostram falhas no processo de gestão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pelo menos até maio de 2021 não havia "registro sistemático" dos problemas ocorridos nas etapas de pré-aplicação e pós -aplicação do teste que é a principal porta de entrada para o ensino superior no país. O GLOBO questionou o Inep se o problema foi solucionado e se há monitoramento em todas as etapas do exame, mas o instituto não respondeu.

Segundo servidores, o mapeamento dos processos que compõem o Enem é importante para construir uma espécie de guia sobre como o Inep deve agir para resolver problemas relacionados à prova, a partir das experiências anteriores. Quando isso não ocorre, é como se o instituto abrisse mão da própria memória, fundamental para desenvolver um padrão de ações voltadas a novas intercorrências.

A partir desses relatórios é possível identificar a responsabilidade de cada ator no processo de realização do Enem e qual deve ser a conduta correta em cada caso. Quando o mapeamento não é feito, as atividades ficam dependentes do conhecimento prévio de cada servidor. Assim, se a gestão decide trocar um servidor de função, toda a expertise de lidar com determinados casos se perde com a eventual saída dele.

A última grande crise relacionada ao Enem ocorreu em 2019, quando houve erro na correção de provas. O problema atingiu 6 mil estudantes, cujas notas tiveram de ser recalculadas.

O alerta sobre a ausência de monitoramento nessas fases foi dado durante uma reunião, em maio de 2021, da qual participaram membros técnicos do instituto, órgão responsável pela prova, e o presidente do órgão, Danilo Dupas. De acordo com a ata do encontro, obtida pelo GLOBO, o último mapeamento de etapas do Enem foi feito em 2017, por empresa contratada à época.

"Após esse período não ocorreram novas modalidades de contratação para mapeamento de processo no Inep. Além disso, pontuou que não é possível o conhecimento de todos os processos que compõem o Enem", registra a ata sobre as informações levadas por Wilson Sobrinho, identificado como "colaborador do gabinete" no documento.

"O colaborador Wilson Sobrinho destacou o diagnóstico da situação atual, aduzindo a ausência de registro sistemático dos problemas/ocorrências das etapas de pré-aplicação e pós-aplicação do exame", apontou. Um grupo de trabalho foi criado, na época, porque Dupas considerou a "urgência" da situação.

Os fatos relacionados às falhas no exame e a possível intervenção da cúpula do Inep no conteúdo da prova estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). No ano passado, servidores do Inep denunciaram supostas irregularidades na gestão de Dupas. Na ocasião, 37 funcionários pediram deixar seus cargos de coordenação às vésperas da realização do Enem. Entre as acusações, os servidores apontavam que Dupas não aceitava assumir responsabilidades nos processos relacionados ao exame e outras ações relevantes do Inep.

Banco de Itens em estado crítico

Outra revelação de suspeitas de falhas durante a administração do Inep, a partir dos documentos obtidos pelo GLOBO, diz respeito ao Banco Nacional de Itens (BNI), de onde saem as questões para realização de provas do governo federal, entre elas o Enem. Segundo os documentos, o banco está "tecnologicamente defasado" e em "fase bastante crítica". Os alertas foram feitos em reunião de 18 de agosto de 2021 ao presidente do órgão.

Na reunião, o então diretor de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais, Daniel Miranda Rogério, afirmou, que embora tenha havido repasses à Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para desenvolver quatro etapas relacionadas ao banco de itens, apenas uma teria sido feita até aquele momento. "Não obstante essa contratação, o sistema encontra-se em fase bastante crítica", registrou a ata da reunião sobre as declarações do diretor.

Na mesma ocasião, Daniel Rogério afirmou que a melhor opção para corrigir a defasagem seria que o sistema fosse desenvolvido pelo próprio Inep. Mas "sublinhou que a construção deste sistema pela fábrica de software do Inep necessita de pelo menos um ano, devido à complexidade das informações, não sendo, portanto, uma solução imediata, porém, destacou julgar ser o melhor caminho", registrou a ata.

A reportagem também questionou o Inep sobre o tema, mas não obteve resposta.

Na semana passada, O GLOBO revelou minuta do edital do Enem 2022 que prevê que questões usadas em edições passadas da prova possam ser reutilizadas no exame. A medida foi tomada porque o governo não renovou o BNI ao longo de dois anos, gerando escassez no número de itens disponíveis para compor o exame. Os documentos mostram que a alta cúpula do Inep tinha conhecimento do estado crítico do Banco.

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