Fábio Takahashi

É coordenador do Núcleo de Inteligência da Folha e vice-presidente da Associação de Jornalistas de Educação.

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Copiada pelo Brasil, solução americana para educação derrapa

Mau resultado ocorreu apesar dos bilhões de governos federal e estaduais e da iniciativa privada

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Governadores democratas e republicanos, juntos, apresentaram em 2009 o que deveria ser o grande impulso para a educação básica americana sair das posições apenas intermediárias. A aposta era a unificação do que se ensina nos colégios, proposta chamada de Common Core (núcleo comum).

Oito anos depois, também se uniram gestores que trabalharam em governos do PT e membros do então governo Temer. Estava apresentada a Base Nacional Comum Curricular, tendo como uma das grandes inspirações a iniciativa americana.

Pouco mais de dez anos após o lançamento, o Common Core sofre seguidos golpes. O último foi a recente publicação do livro do pesquisador Tom Loveless, “Between the State and the Schoolhouse - Understanding the Failure of Common Core” (Entre o Estado e a Escola - Entendendo o fracasso do Common Core), que causou rebuliço entre os educadores.

Sala de aula: alunos sentados e professor escrevendo
Ainda é preciso mais tempo para saber se a Base será exitosa, mas não se sente grande empolgação do professorado - Apu Gomes - 19.ago.2011/Folhapress, Cotidiano

Na obra, Loveless, ex-professor do ensino fundamental e de Harvard, traz pesquisas que mostram que a iniciativa não trouxe ganhos para os estudantes. E até queda de notas.

O mau resultado ocorreu apesar dos bilhões de governos federal (especialmente Obama) e estaduais e da iniciativa privada (a fundação de Bill Gates aportou mais de US$ 200 milhões).

Esses apoiadores entendiam que o Common Core traria benefícios como ajudar os professores a montarem aulas, a melhorar o material didático e a comparar estados —tanto trocando boas iniciativas como constrangendo aqueles que ficam para trás. Até então, o conteúdo era considerado muito irregular entre os estados.

Loveless defende que estão fadadas ao fracasso políticas que nascem em gabinetes de burocratas, sem participação de quem está na ponta. Se os professores não comprarem a ideia, pouco muda na prática.

Para ele, também prejudicou a politização. Quando Barack Obama embarcou com tudo, republicanos passaram a atacar a proposta, com argumento de que era excesso de intervenção federal nos estados. Donald Trump era opositor ferrenho à iniciativa, e Joe Biden ignora-a.

Por aqui, a política também não ajuda a base nacional. O governo Jair Bolsonaro criticou-a e segurou recursos.

Como no enfrentamento à Covid, estados e municípios assumiram protagonismo, mas sem apoio financeiro e técnico.

Ainda é preciso mais tempo para saber se a Base será exitosa. Mas não se sente grande empolgação do professorado.

Talvez houvesse mais base se o grande esforço dos gestores tivesse efeito direto para quem está em sala de aula. Algo como mudança radical na formação superior, saindo do modelo em que a maioria cursa online (mesmo antes da pandemia), com baixa carga horária. E acompanhamento sério quando estão na profissão.

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Comentários

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Mário Sérgio Mesquita Monsores

25.jul.2021 às 17h04

Só existe um jeito . 9 h de escola com esportes, músicas, conteúdo formal, médico e dentista. Crianças fora da escola , os pais seriam chamados a dar explicações. Se não houver como criar, o Estado cria. Mas isso é o eeuu de depois da 2a. GGM.

ITAMAR FREITAS

25.jul.2021 às 14h19

A BNCC de Temer é um poço de problemas, mas a argumentação do articulista é frágil. O livro é tomado como “a” verdade e a comparação envolve dispositivos diferentes: educação centralizada no Brasil e descentralizada nos EUA, desenvolvimento de habilidades nos EUA e de habilidades, conhecimentos e valores no Brasil. Para o jornalista, importa mais o reforço à tese de que a elaboração da BNCC foi um erro e está fadada ao fracasso. A parte compreensiva final, infelizmente não desfaz esse estrago.