Brasil Educação

Exoneração de coordenadora de avaliação de cursos de graduação foi ‘questão técnica’, diz Inep

No cargo há cinco anos, Sueli Macedo Silveira deve assumir outra função na autarquia federal. A substituta é Helena Albuquerque
Sueli Macedo Silveira, ex-oordenadora de avaliação de cursos de graduação do Inep Foto: Reprodução
Sueli Macedo Silveira, ex-oordenadora de avaliação de cursos de graduação do Inep Foto: Reprodução

BRASÍLIA — O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou nesta quarta-feira que a demissão da coordenadora-geral de Avaliação dos Cursos de Graduação e Instituições de Ensino Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Sueli Macedo Silveira, se deu “com base em questões técnicas”. Segundo o órgão, a servidora de carreira ocupará novo cargo, que ainda não foi definido.

Em nota, a autarquia destacou que “as mudanças realizadas nos cargos da Diretoria de Avaliação da Educação Superior fazem parte de um processo de reestruturação e estão alinhadas com as perspectivas de um novo modelo de avaliação da educação superior”. A chefia do Inep já foi trocada cinco vezes em dois anos.

Educação: Enquanto 62% dos recém-formados se sentem preparados para o mercado de trabalho, apenas 39% dos empregadores têm a mesma percepção

Fontes informaram ao GLOBO que, após a saída da pedagoga , quatro dos cinco subordinados diretos, que ocupavam cargos comissionados, começaram a pedir para sair de suas funções por discordarem da exoneração. Respeitada no meio acadêmico, Silveira está na autarquia federal desde 2008 e assumiu a coordenação em 2016.

“O presidente Danilo Dupas e o diretor Luís Filipe Grochocki fizeram a reestruturação objetivando a otimização de recursos da Autarquia e melhorias nos procedimentos operacionais. Inclusive, dois servidores de carreira do Inep com excelente currículo técnico foram nomeados nas outras duas coordenações-gerais da diretoria”, diz a nota.

Denúncia: Capes admite cópia, mas nega plágio em dissertação de mestrado da nova presidente

Com doutorado e mestrado em Ciências Animais pela Universidade de Brasília (UnB), a médica veterinária Helena Cristina Carneiro Cavalcanti de Albuquerque a substitui no cargo. A exoneração e a nomeação foram determinadas pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, e publicadas no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira.

Sete ex-ministros da Educação reagiram à troca na coordenação de avaliação de cursos de graduação. Ao afirmar que o Inep “está em perigo”, argumentam que o órgão “vem sendo gravemente enfraquecido” desde o início do governo Bolsonaro. Para os polítcos, os cargos não tem sido ocupados por pessoas técnicas. Além disso, criticaram o fato de as avaliações educacionais realizadas pela autarquia estarem em risco. A última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) chegou a fracassar em meio à pandemia da Covid-19, com recordes de abstenção.

“O corpo técnico de servidores do órgão, que é amplamente reconhecido no meio educacional pela seriedade, especialidade e compromisso público, não é ouvido. O Ministério da Educação exclui constantemente o Inep de debates sobre a atuação de prerrogativa legal do órgão, como a reformulação do Ideb e as avaliações para medir a alfabetização das crianças no 2º ano do ensino fundamental. Além disso, há incertezas sobre a realização da própria prova do Saeb em 2021, logo quando é tão importante mensurar os impactos da pandemia de Covid-19 para o aprendizado dos alunos”, declaram os ex-ministros.

Tarso Genro, Fernando Haddad, Cid Gomes, José Henrique Paim, Aloizio Mercadante, Mendonça Filho e Rossieli Soares assinaram a carta, divulgada nesta quarta-feira.

Estes não foram os primeiros episódios da crise que abala o Ministério da Educação (MEC). Ribeiro, que segue a cartilha do presidente jair Bolsonaro, já promoveu outras mudanças na gestão, na estrutura e na atuação do Inep, vinculado à pasta. Um dos principais interesses é o setor antes ocupado por Silveira, por causa da regulação do ensino superior privado.

Além avaliar instituições de ensino superior do Brasil, a área credencia e reconhece cursos de graduação e pode trocar a ordem das avaliações e também os avaliadores. As trocas também podem ajudá-lo a modificar regras de avaliação das universidades particulares. Por isso, é considerada sensível dentro do instituto.

No fim de fevereiro, o pastor e professor realizou outra dança das cadeiras, quando o então secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Danilo Dupas Ribeiro, assumiu o lugar deixado por Alexandre Lopes na presidência dao Inep. A motivação foi a discordância em relação à nomeação para chefiar a Diretoria de Avaliação da Educação Básica (Daeb), responsável pelo Enem.