Por G1 RR — Boa Vista


Sala de aula vazia durante pandemia — Foto: Secretaria de Educação de Pernambuco/Divulgação/Arquivo

O número de crianças e adolescentes que deixaram de frequentar a escola em Roraima aumentou mais de 709% entre 2019 e 2020. Os dados fazem parte de um estudo desenvolvido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Cenpec Educação, divulgado nesta quinta-feira (29).

Na pesquisa, foi considerada uma população de 141.987 crianças e adolescentes, com idade escolar entre 6 e 17 anos em Roraima. Destes, 5.806 não frequentaram a escola em 2019. Com escolas fechadas por causa da pandemia, em 2020, o número de excluídos aumentou para 46.987.

Questionado sobre os dados, o governo discordou dos números apresentados pelo estudo e disse que "apenas 4.322 não foram alcançados" com a oferta do ensino remoto em 2020. Já o prefeitura, afirmou que implantou o projeto Aprendendo em Casa e que as atividades impressas são disponibilizadas nas escolas. (Veja as notas na íntegra abaixo).

O estudo faz um panorama da exclusão escolar antes e durante a pandemia. O levantamento também mostra que o Brasil corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninas e meninos à educação.

Crianças e adolescentes excluídos da escola em Roraima
Levantamento do total de crianças entre 6 e 17 anos fora da escola
Fonte: Unicef/Cenpec Educação

Em números percentuais, Roraima (38,6%) fica em primeiro lugar no país na exclusão educacional. A lista é seguida por outros estados como o Amapá (35,7%), Amazonas (32%), Pará (32%) e Bahia (30,7%). As menores taxas são de Santa Catarina e Paraná, ambos com 4,4%.

Mais de 5,5 milhões sem acesso a educação em 2020

No Brasil, mais de 5,5 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, não tiveram acesso a educação em 2020. O número é semelhante ao registrado no país no início dos anos 2000, conforme a pesquisa da Unicef e Cenpec Educação.

Com as escolas fechadas por conta da pandemia, em novembro de 2020, quase 1,5 milhão de crianças e adolescentes da faixa etária pesquisada não frequentavam a escola (remota ou presencialmente). A eles, somam-se outros 3,7 milhões que estavam matriculados, mas não tiveram acesso a atividades escolares e não conseguiram se manter aprendendo em casa.

No total, 5,1 milhões tiveram seu direito à educação negado em novembro de 2020. Dado corresponde a 13,9% das meninas e dos meninos de 6 a 17 anos do país.

Dos 5,1 milhões de meninas e meninos sem acesso à educação no Brasil em novembro de 2020, 41% tinham de 6 a 10 anos de idade; 27,8% tinham de 11 a 14 anos; e 31,2% tinham de 15 a 17 anos, faixa etária que era a mais excluída antes da pandemia.

O que diz o governo de Roraima

A Secretaria de Educação e Desporto esclarece que na rede estadual de ensino, os relatórios no período da pandemia apontam que dos 75.386 estudantes matriculados na rede estadual de ensino, apenas 4.322 não foram alcançados com a oferta do ensino remoto em 2020, no período da pandemia da Covid-19.

Na capital Boa Vista, dos 42.369 alunos matriculados em 2020 na capital, conforme o Censo Escolar, a Seed alcançou 38.799 com a oferta do ensino remoto, o que corresponde a 91,58%. Nesse período, 3.570 alunos não foram alcançados com as atividades não presenciais, o que representa 8,42% dos estudantes.

No interior, dos 17.894 alunos matriculados conforme dados do Censo Escolar, 17.111 foram atendidos com o ensino remoto, o que corresponde 95,8%. Não foram atendidos apenas 752 estudantes, o que corresponde a 4,2%.

Nas comunidades indígenas, existem 16.802 estudantes matriculados em 254 escolas e todos foram atendidos com o ensino remoto por meio da entrega de material impresso. A exceção foram 1.108 estudantes indígenas yanomami, de 21 escolas que tiveram as atividades remotas suspensas por meio da Portaria N↑8 1018/2020, à pedido da própria comunidade, a fim de proteger a população yanomami da contaminação da Covid-19.

Esclarece que em 2020 as escolas não ficaram fechadas, mas sim ofertaram atividades não presenciais, de forma on line, mediada por tecnologia, ou na forma de material impresso, com o trabalho de professores, coordenadores pedagógicos, gestores escolares que trabalharam no período da pandemia no sistema home office.

O que diz a prefeitura de Boa Vista

A rede municipal de ensino de Boa Vista conta com o Currículo da Educação Infantil, que reafirma o compromisso da gestão municipal com a Primeira Infância. Boa Vista foi a primeira cidade da região Norte a implantar as novas diretrizes alinhadas à Base Nacional Comum Curricular. O processo de ensino insere o lúdico nas práticas pedagógicas das creches e pré-escolas.

Com o início da pandemia, os alunos da rede municipal passaram a contar com o projeto Aprendendo em Casa, com atividades diferenciadas postadas nas redes sociais diariamente para as crianças praticarem em casa com a ajuda dos pais durante este período, e para que continuassem ampliando seus aprendizados e fortalecendo os laços afetivos nas famílias. A Secretaria de Educação desenvolveu ainda a Live Hora do Recreio, com atividades físicas e recreativas para as crianças durante o isolamento social.

Para que o alcance da aulas chegasse a todos os alunos da rede, as escolas fizeram um trabalho de busca ativa, onde a gestão escolar juntamente aos professores, foram nos abrigos da operação acolhida, para localizar os alunos e matriculá-los na rede. Montaram ainda grupos de WhatsApp e passaram a monitorar a frequência da realização das atividades no programa por parte do aluno, sempre com a ajuda e apoio dos pais. O projeto permaneceu de abril até dezembro de 2020.

A prefeitura retomou as aulas do ano letivo 2020 em fevereiro deste ano de forma remota. Foi adotado o formato de aula não presencial para garantir a segurança das crianças e dos profissionais da educação. O ensino remoto vem melhorando o vínculo familiar e estreitando os laços com a escola. De casa, pais, professores e alunos interagem por meio da tecnologia e os estudantes cumprem suas tarefas diárias com o uso dos livros didáticos e materiais de apoio.

Os pais tem um papel fundamental, e são inseridos nos grupos de WhatsApp das turmas, para acompanharem todas as etapas do ensino. Aqueles que não têm acesso à internet podem buscar as atividades impressas na própria escola. Para os que não tinham como ir na escola, os professores e gestores levavam na casa do aluno.

Em março deste ano, o programa “Aprendendo em Casa” também passou a ser exibido diariamente na TV Aberta. O conteúdo é direcionado para as crianças na fase da alfabetização, com aulas de português e matemática. Todo dia uma aula diferente, ensinado de forma fácil e divertida para complementar as aulas remotas da rede municipal de ensino.

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