Por Globo Repórter


‘Eu só quero jogar’: menina que acionou justiça para conseguir jogar em torneio de futebol na escola vive um dia de profissional

‘Eu só quero jogar’: menina que acionou justiça para conseguir jogar em torneio de futebol na escola vive um dia de profissional

O futebol feminino ainda é um esporte onde as atletas precisam lutar muito contra o preconceito e as limitações. E para algumas pessoas elas vêm muito cedo, desde a adolescência. Uma menina lutou para conseguir o direito de jogar um campeonato em sua escola no meio dos meninos. E sua história ficou tão conhecida que ela foi convidada a viver um dia de profissional do futebol feminino.

Cruzeirense fanática, a jovem Manu gosta de futebol desde sempre. Aprendeu com os pais, em casa. E levou a paixão para a escola: lá, ela jogava futebol no meio dos meninos durante as aulas de educação física. E assim ela passava o ano todo fazendo o que gosta. No entanto, o problema aparecia quando chegava o torneio interclasses. Nele, Manu não podia jogar com os meninos. E sem um time de meninas, ela ficava de fora da competição.

Sem poder fazer o que gosta, Manu lembrou que aprendeu com os pais sentimentos como respeito e igualdade. E isso a deu força para lutar para mudar a própria situação.

“Na educação física eu jogava misto, mas no interclasse eu nunca podia jogar porque eu ser uma menina. Aí no ano passado a gente decidiu tomar uma providência de fazer uma reivindicação para ver se a escola autorizasse”, diz Manu.

A mãe de Manu apoiou totalmente a filha. E tomou medidas legais para realizar o desejo dela.

“Essa luta começou por um pedido dela. A gente está dentro um contexto de uma normalidade tão grande que às vezes a gente acha ‘ok, não dá pra ela jogar, né’. Não, peraí. Tem alguma coisa errada. Por que ela não pode jogar?" indaga a mãe, Daniele Oliveira.

E a luta de Manu teve um sucesso duplo. Ela conseguiu na Justiça o direito de jogar o interclasse. Mas conseguiu ainda mais. A escola, que dizia que não havia meninas dispostas a brincarem, pediu muito para que interessadas se apresentassem. E elas se apresentaram: dois times foram formados, para jogar um contra o outro.

“As meninas abraçaram a causa”, destaca a mãe de Manu.

Da educação física ao treino no profissional do Cruzeiro

A publicidade da história fez com que a jovem ganhasse um convite para enfrentar o Cruzeiro. No clube do coração, ela pôde treinar com o elenco profissional. E conhecer histórias de quem viveu o mesmo que ela.

“Comecei com os moleques também, desde os meus nove anos. Eu brigava de frente, batia de frente com os moleques, buscava meu espaço”, conta a atleta cruzeirense Rafaela Andrade.

A também atleta Luaninha foi mais longe. Elogiando a luta de Manu, ela questionou o senso comum de que meninas não podem jogar futebol se não tiverem permissão.

“Futebol é um direito. A gente pode brincar, se divertir. Por que, então, os meninos não tem que escolher? Eles não têm que dizer ‘ah, será que eu posso?’. Eles não pedem permissão. Agora as meninas têm que dizer ‘ah, será que eu posso brincar com vocês?’, ressalta Luaninha, atleta do Cruzeiro.

Manu, por sua vez, está curtindo cada momento.

“Estar podendo jogar aqui é uma honra”, completa Manu.

Perguntada sobre o ritmo do treino do Cruzeiro, ela admitiu que é bastante forte: "Muito. Diferente demais lá da escola”.

Veja a íntegra do Globo Repórter desta sexta-feira (7):

Edição de 07/07/2023

Edição de 07/07/2023

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