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Formação docente

Estudo sobre o cérebro precisa entrar na formação docente

Em painel sobre neuroeducação, especialistas destacaram a necessidade da formação docente incluir como o cérebro aprende

Publicado em 16/08/2022

por Gustavo Lima

IMG_9158 Gerson dividiu mesa com Adriana Fóz e Fernanda Teixeira. Os três destacaram o papel da formação docente (foto: Nicolas Calligaro/Revista Educação)

Muito se tem falado sobre o papel da neurociência aplicada à vida escolar. Seja durante o ensino infantil ou no ensino médio (e até mesmo além), o desenvolvimento de competências socioemocionais é cada vez mais relevante. Para que o aluno receba um olhar mais cuidadoso, no entanto, há uma necessidade de mudança na formação do professor, incluindo o funcionamento do cérebro.

Durante o painel ‘Neuroeducação’ no primeiro dia do Grande Encontro da Educação, a neuropsicóloga Adriana Fóz, a doutoranda em neurociência do desenvolvimento Fernanda Teixeira e o doutorando em distúrbios do desenvolvimento Gerson Muitana, discorreram a respeito do tema e sobre as possíveis formas de melhorar tais capacidades em sala de aula.


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Em sua fala inicial, Adriana Fóz ressalta a importância da emoção na vida das pessoas. “Emoção é o que nos conecta”, afirma. De acordo com a profissional, as competências socioemocionais se relacionam com as competências cognitivas, tudo está junto, pois o cérebro está conectado com todo o organismo. Segundo Adriana, o processo emocional “tem que chegar na escola, deve ser ouvido. São fatos, a neurociência traz fatos de que precisamos das emoções para aprender”.

Fernanda Teixeira também destaca o papel da emoção no cotidiano. “Não prestamos atenção no que não achamos que será importante para nós. Por isso entra a necessidade da emoção, precisamos que algo nos toque de alguma forma para que estejamos atentos”, explica.

Para jovens e crianças, o cuidado e atenção devem ser ainda maiores. Como apontado pela doutoranda, o cérebro se desenvolve com o tempo, da infância ao início da vida adulta. “Não podemos esperar que uma criança ou adolescente se comporte como um adulto”, pontua.

Na sala de aula

“Estamos preparando o cérebro dos nossos alunos para o futuro? Ou para o presente?”, indaga Adriana. “Só ensinamos aquilo que aprendemos, aquilo que vivemos. Quando falamos em relação, humanidade e desenvolver recursos socioemocionais, é preciso que o outro tenha o mínimo de conhecimento”, salienta.

Em sua apresentação, Fernanda lista habilidades socioemocionais:

  • Tomada de decisão;
  • Autogestão;
  • Habilidades de relacionamento;
  • Percepção social;
  • Autoconhecimento

Além destas, há também as habilidades cognitivas como criar, avaliar, analisar, aplicar, compreender e relembrar. Tais habilidades são alguns dos pontos que devem estar na bagagem docente para que possam acessar o estudante de forma mais completa e coesa, de acordo com cada particularidade. 

“Precisamos dar atenção à formação do professor. Pesquisas mostram que o aumento do bem-estar do professor tem a ver com 77% dos estudos, mostrando a diminuição do absenteísmo. Para progredir, precisamos, entre outras coisas, combater também os ‘neuromitos’. O educador não precisa entender o cérebro, precisamos de um curso de formação que atenda suas necessidades”, alertou Adriana.


Leia: Como o cérebro aprende e a importância de lidar com as emoções


Estudantes e suas particularidades

Adriana cita que o professor precisa, por exemplo, saber que no adolescente a dopamina – neurotransmissor relacionado ao prazer -, é mais baixa. “Nós, como professores, devemos compreender como engajar o jovem”, frisa.

Gerson Muitana, também presente no painel, leva o debate ao âmbito dos transtornos de neurodesenvolvimento. “Uma criança com algum tipo de transtorno não assimilará informações da mesma forma [que outras crianças], não acompanhará o mesmo ritmo”, informa.

Fernanda apresenta caminhos dentro da chamada “flexibilidade coletiva”:  nos permite alternar entre tarefas, rever estratégias, mudar o modo de pensar, resolver problemas. É essencial para o desenvolvimento.

Muitana reforça a necessidade de um apoio individualizado, com metodologias específicas. Afinal, o professor é o primeiro a ter contato com possíveis transtornos de uma criança e é ele quem faz a ponte com os pais, alertando sobre o possível laudo. Dados apresentados em pesquisa feita pelo profissional apontam que intervenções cognitivas têm mostrado “bons resultados para aprendizagem”. 

O doutorando também fala sobre responsabilidade coletiva para que ocorram caminhos bem-sucedidos de uma formação objetiva. “A responsabilidade é de todos, ela também está nas mãos das famílias, da comunidade, dos gestores e outros profissionais”, complementa.

Escute nosso episódio de podcast:

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Gustavo Lima


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