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Rendimento de trabalhadores brancos foi quase o dobro de pretos e pardos em 2021, diz IBGE

Rendimento de trabalhadores brancos foi quase o dobro de pretos e pardos em 2021, diz IBGE

O IBGE divulgou, neta sexta-feira (11), um estudo que mostra o tamanho do desafio do Brasil para superar a desigualdade racial.

A Marta é manicure e depiladora e está na informalidade há 25 anos. Mora em uma comunidade, na Zona Sul de São Paulo, e atualmente, só consegue trabalhar dois dias da semana. Este ano, ganhou um curso e decidiu mudar de área: quer ser auxiliar de enfermagem.

“Essa é a meta hoje, fugir da informalidade, a informalidade não me está dando base de sustento. Lá na frente vai me dar um salário base para sobreviver”, diz Marta de Moura.

O estudo de desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil mostra que a informalidade atinge mais pretos e pardos, como é a definição do IBGE, do que brancos.

Em 2021, a taxa de informais entre a população branca era de 32%; entre os pretos, de 43%; e entre os pardos, de 47%. Ao olhar o rendimento médio, a diferença é ainda maior. O dos trabalhadores brancos foi quase o dobro de pretos e pardos.

“A população preta e parda está inserida normalmente em ocupações de maior vulnerabilidade social, com rendimentos menores, enfim, com trabalhos menos formalizados também. Há uma proporção maior de população preta e parda informal também no mercado de trabalho e isso se reflete em menores rendimentos”, explica o analista da Gerência de Indicadores Sociais do IBGE, André Simões.

A pesquisa mostra também que as diferenças de renda. De todos os pretos e pardos brasileiros, cerca de 35% viviam com R$ 486, praticamente o dobro da proporção de brancos na linha da pobreza. A diferença se repete entre os que vivem na extrema pobreza. Os pretos e pardos são praticamente o dobro dos brancos.

Acesso à educação, às políticas públicas, ao mercado de trabalho. Quanto mais portas como essas se abrem, maiores são as oportunidades que a população negra tem de se mover dentro da estrutura da sociedade.

“A gente fala também sobre mobilidade social por meio de dar oportunidades de educação para que você consiga ter uma maior inserção de pessoas negras em profissões que são mais bem remuneradas. Então, tem uma série de fatores, na moradia, na educação, no mercado de trabalho, que são fundamentais para quebrar o ciclo de exclusão desse elevador de mobilidade social no Brasil”, explica o professor de Direito da FVG Thiago Amparo.

Para Marta, é a hora de construir um outro futuro.

“Meus filhos já cresceram, então eu quero ir para frente, agora que quero estudar. Tenho duas irmãs que se formaram em doutorado, odontologia e eu tenho um orgulho de falar isso, porque a gente vem de uma família que migrou do Nordeste para São Paulo, e minha mãe e meu pai não estudaram também, tinham quarta série, não tinham nem ensino fundamental. Então, a gente foi criado em comunidade, mas a gente foi bem instruído. Os meus pais instruíram bem a gente”, conta Marta.

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