Por g1 Piracicaba e Região


Campus da Esalq, em Piracicaba — Foto: Bruno Antunes Zampaulo

Uma pesquisa desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba (SP), aponta relação entre obesidade e a redução do desempenho e da frequência escolar de crianças e adolescentes no Brasil.

O estudo foi desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada. Segundo os resultados, um aumento de uma unidade no Índice de Massa Corporal (IMC) nestes estudantes reduz a chance deles irem para a escola em 13,3%. Com relação à variável excesso de peso, esta razão de chance é de 35%. No caso do IMC, alerta a pesquisa, não há distinção de casos de obesidade e caso de peso associado ao músculo, por exemplo.

Segundo a economista Ida Bojicic Ono, autora do doutorado que teve orientação da professora Ana Lúcia Kassouf, do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, a ideia foi justamente isolar o efeito exclusivo dessas duas variáveis.

"Muitos estudos apontam que um dos efeitos da obesidade são além das complicações metabólicas, cardiovasculares. Existem as complicações psicológicas, como redução da autoestima e incoerências da depressão. Além destas, o efeito adverso no desempenho escolar propriamente dito pode ser devido ao comprometimento de funções cognitivas, o que consequentemente pode levar à redução da frequência escolar", aponta a pesquisadora.

Os métodos utilizados foram baseados na organização e exploração de microdados contendo as características individuais, domiciliares e escolares dos adolescente que participaram de duas grandes pesquisas: Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (PeNSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a pesquisa Prova Brasil do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Segundo Ida, os dados da Prova Brasil foram importantes por envolverem as notas de proficiências em Língua Português e Matemática destes alunos. Através destas duas pesquisas, foram medidos o desempenho escolar, baseado nas notas que os alunos obtiveram nas provas, e seus índices antropométricos - medidas de peso e estatura, por exemplo -, que forma medidos pelos agentes pesquisadores da Pense.

As coletas foram feitas com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental (a nível nacional) e crianças e adolescentes entre 6 e 19 anos de idade.

Autora sugere saúde associada a ensino

Para a pesquisadora, a redução destes reflexos negativos passam por políticas públicas voltadas não somente para o aperfeiçoamento do ensino, mas à saúde física e mental das crianças e adolescentes.

"O efeito do baixo desempenho escolar, como em muitos estudos foi demonstrado, pode causar a sensação de fracasso, relacionamento social mais baixo, menor produtividade no trabalho na vida adulta (a nível individual) e uma menor qualidade da educação como um todo", aponta.

O estudo contou com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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