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Estudo calcula o quanto o Brasil perde quando um jovem não conclui a educação básica

Estudo calcula o quanto o Brasil perde quando um jovem não conclui a educação básica

Um estudo do Insper, o Instituto de Ensino e Pesquisa, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, calculou quanto o Brasil deixa de ganhar com alunos que abandonam a escola antes de concluir a educação básica.

Marlene só tinha 15 anos quando engravidou do primeiro filho. Estava começando a quinta série.

“Foi difícil associar escola, filho... Era muito novinha, não teve como. Optei por largar a escola e criar meu filho”, conta.

Damiana também foi mãe aos 18, antes de concluir o ensino médio.

“Tive que escolher deixar alguma coisa. Optei pela escola”, lembra.

Gravidez na adolescência, baixa renda familiar, falta de tempo. A gente precisa muito mais do que dos dez dedos das mãos para enumerar as causas da evasão escolar. O que o estudo inédito mostra agora são as consequências disso. O quanto o Brasil perde cada vez que um jovem abandona a escola e não conclui o ensino básico. O custo social para o país, por ano, é de R$ 214 bilhões. Esse valor é a soma de tudo o que os alunos deixam de ganhar ao longo da vida quando abandonam a escola.

“São 575 mil jovens que todo ano que não concluem. Não concluir o ensino médio leva a menores salários, menos tempo em empregos formais, e está correlacionado a uma série de estatísticas muito preocupantes”, destaca Marcos Lisboa, presidente do Insper.

O estudo feito pelo Insper em parceria com a Fundação Roberto Marinho, levou em conta dados do IBGE e também da Organização Mundial da Saúde, e revela que 17,5% dos jovens entre 15 e 17 anos deixam de estudar antes de terminar o ensino médio. As remunerações daqueles que não se formam são entre 20 e 25% menores. E na fase produtiva da vida, deixam de ganhar R$ 159 mil por não terem empregos de qualidade.

O Hugo sabe bem como o ensino ajuda a reverter essa conta. Chefe de departamento de uma grande empresa, ele é o primeiro da família a concluir o curso superior.

“Dez anos de empresa, eu estou ganhando dez vezes mais do que quando entrei. Só que meu nível de escolaridade nesses dez anos foi aumentando”, destaca Hugo Almeida de Oliveira, que é supervisor de contratos.

Sair da escola precocemente também afeta a saúde e a qualidade de vida. E sai caro para o país: o custo anual é de R$ 114 mil para cada jovem.

“Isso reflete a grande tragédia brasileira na educação. Um país que aumentou significativamente os gastos com educação nos últimos 20, 30 anos e, no entanto, os indicadores de aprendizado do ensino médio não melhoraram. Nossa educação tem um problema grave de gestão”, avalia o presidente do Insper.

E tem muita gente trabalhando para mudar esse quadro.

“A gente precisa fazer um trabalho de reconquistar a confiança dessas pessoas. Esse estigma que não conseguem aprender, que não são capazes, é trazido por eles para a sala de aula todos os dias”, destaca Vitor Felix do Vale, professor.

Desafio vencido pela Marlene, 47 anos, e pela Damiana, 38. Elas voltaram para a escola e acabam de concluir o ensino médio num curso para adultos e jovens na Favela da Maré, na Zona Norte do Rio.

“Eu quero fazer psicologia. Quero me formar e ajudar, quero auxiliar dentro da comunidade também”, conta Damiana de Souza de Andrade.

“Acho que é como tirar a uma venda da vista assim, sabe? Enxergar as coisas. E quero ser assistente social e vou conseguir. Parece que eu ganhei asas. Vou tentar decolar agora”, afirma Marlene Costa Machado.

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