Por Cristina Mayumi


Estudo aponta que 40% dos estudantes enfrentam dificuldade na alfabetização; cenário é pior entre os mais pobres

Estudo aponta que 40% dos estudantes enfrentam dificuldade na alfabetização; cenário é pior entre os mais pobres

Quase metade dos alunos de escolas públicas tiveram dificuldades de alfabetização depois do período de ensino à distância no Brasil, segundo um levantamento divulgado nesta sexta-feira (28), quando é celebrado o Dia Mundial da Educação.

A pesquisa encomendada pelo Itaú Social, Fundação Lemann e BID é a primeira realizada de forma totalmente presencial e mostra que 40% dos alunos tiveram dificuldades no aprendizado e que 11% dos estudantes de alfabetização estão em nível muito abaixo do esperado em leitura e escrita.

No recorte socioeconômico, as famílias que recebem até um salário mínimo tiveram o processo de alfabetização ainda mais lento.

Estudo aponta que 40% dos estudantes enfrentaram dificuldade na alfabetização em 2022 — Foto: Tv Globo/Reprodução

🎒 Veja o percentual de alfabetização de acordo com o esperado:

  • Família com renda de até 1 salário mínimo: 53%
  • Família com renda de mais de 5 salários mínimos: 79%

Segundo a superintendente do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, há um desafio das redes de ensino na volta do ensino presencial após o período de pandemia.

"As escolas e redes estão vivenciando muitas lacunas de aprendizagem. A recomposição é fundamental para que as crianças e adolescentes não sejam ainda mais excluídos e acabem não desistindo da escola na medida em que não conseguem acompanhar os estudos que estão sendo ensinados".

Veja também

Maior aproximação entre pais e escola

Maior proximidade de pais e escola melhoraram o processo de aprendizado dos alunos em São Paulo — Foto: TV Globo/Reprodução

Em Itapevi, na Região Metropolitana de São Paulo, uma escola pública desenvolveu um projeto contínuo de recuperação. Eles utilizam a tecnologia para ajudar alunos com dificuldades, fazendo com que os professores utilizassem as redes sociais para entrar em contato com as famílias.

"[A pandemia] intensificou a relação entre família e escola. O aluno percebeu que o pai era responsável pela a realização das tarefas. Muito pai não tinha paciência, e hoje o pai valoriza isso e se coloca no lugar do professor. Eles falam: 'Eu tinha um aluno, imagina você, professor, com 35 alunos", explica Margarete Zampieri, diretora da escola.

A professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Lara Simielli explica que houve uma mudança na forma de relação entre as famílias e a escola. E isso trouxe resultado, como no caso da Sophia, que aprendeu a ler e a escrever.

Com ajuda dos professores, via aplicativos de mensagem, a Sophia melhorou o desempenho escolar. — Foto: TV Globo/Reprodução

Após um período sem conseguir se concentrar nas aulas online, as conversas diárias com a professora nos aplicativos de mensagens foram fundamentais para preencher as lacunas no aprendizado.

"Com o desenvolvimento, até na igreja ela começou a ter oportunidade para ler a bíblia. As letrinhas são juntas e as crianças às vezes têm dificuldades, mas ela não, ela já foi lendo. É meu chamego, minha menina", diz orgulhosa a mãe, Érica da Silva Santos.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!