Educação

Estudantes vão às ruas e pressionam MEC pela revogação do Novo Ensino Médio

Os atos mobilizaram cerca de 150 mil manifestantes pelo País, segundo estimativa da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

Créditos: Fernando Frazão / Agência Brasil
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Milhares de estudantes foram às ruas do País na quarta-feira 15 em protesto contra o Novo Ensino Médio. A tônica das manifestações foi pela revogação da medida, herança da gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), e que entrou em vigor em 2017.

Organizado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, os atos aconteceram em diversas cidades do País e mobilizaram cerca de 150 mil estudantes, segundo estimativa da UBES. Em São Paulo, cerca de 20 mil se manifestaram da Avenida Paulista até a Assembleia Legislativa de São Paulo.

Os estudantes marcharam sob palavras de ordem como “Revoga a reforma ou paramos o Brasil”, “De tanto poupar educação, ficaremos ricos de ignorância” e “Novo Ensino Médio = apartheid educacional”. O movimento ganhou apoio de professores, educadores, movimentos sindicais e outras organizações.

A presidenta da UBES, Jade Beatriz, destacou a importância da unificação da pauta entre estudantes pelo País, e previu os próximos passos do movimento.

“O ato foi um marco da posição dos estudantes em relação à reforma do ensino médio”, disse, em entrevista à CartaCapital, ao reforçar que o posicionamento é o mesmo mantido pela entidade desde 2016, quando o ex-presidente Temer fez o anúncio da medida.

“A gente já tinha visto que era uma reforma que não contava com a nossa participação, com a voz efetiva da sociedade, do povo brasileiro, principalmente das pessoas que estão dentro da escola pública”, explicou.

A presidenta da UBES disse ainda que a instituição puxará novas manifestações em prol da revogação e articulará audiências públicas junto às casas legislativas.

“Estamos dispostos a isso, ocupar mais as ruas, as assembleias legislativas e, principalmente, levar isso ao Congresso pra que seja apresentado um novo modelo de ensino, que faça sentido,  e que seja condizente com a realidade dos estudantes da escola pública”, defendeu.

A reforma do Ensino Médio é alvo de críticas por ter aprofundado a desigualdade na área educacional, favorecido redes privadas de ensino,  estabelecido um modelo de ensino menos reflexivo e precarizado a atividade docente.

Em meio aos protestos, o ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu que a pasta tem apostado no diálogo e reforçou a consulta pública aberta pelo MEC na última semana.

“Apostamos no diálogo para reavaliação do Novo Ensino Médio. Por isso, o MEC abriu uma consulta pública, com audiências, seminários e pesquisas junto a estudantes, professores e gestores para debater a pauta de forma democrática”, escreveu Camilo em suas redes sociais”.

“Além disso, o MEC irá recompor o Fórum Nacional de Educação, reintegrando entidades e movimentos populares a esse importante debate sobre o futuro da nossa educação”, completou.

No entendimento do educador e cientista político Daniel Cara há, no entanto, outras medidas que o MEC poderia acatar para demonstrar ‘disposição’ em dialogar sobre o Novo Ensino Médio.

“Revogar a Portaria 521/2021, que estabelece o Cronograma Nacional de Implementação do Novo Ensino Médio (NEM), determinado pelo Governo Jair Bolsonaro; suspender completamente as mudanças no Enem previstas para 2024. O objetivo é não submeter o ENEM ao NEM, cristalizando a Reforma; Enviar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei para substituir o equívoco dos itinerários formativos por áreas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A orientação é implementar as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio de 2012, nunca efetivadas. Fazer isso é demonstrar boa vontade. Aqui está uma proposta clara”, defendeu em suas redes sociais.

Há também um movimento contra a medida puxado por parlamentares. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) lançou um abaixo-assinado a favor da revogação da medida, que aponta:

“Não há justificativa na retirada de disciplinas como filosofia e sociologia da grade curricular do ensino médio. Isso é uma forma de podar o pensamento crítico de estudantes”, diz um trecho do texto.

“Esse Novo Ensino Médio traz aos alunos formações precárias com cursos de curta duração e aulas por videoconferência, o que é um absurdo no cenário atual, pois a experiência com o ensino remoto emergencial durante a pandemia de Covid-19 demonstrou a imensa exclusão digital da maioria da população brasileira, além de dificultar a troca entre professores e estudantes”.

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